NANOTECNOLOGIA AEROESPACIAL

Vários são os exemplos de aplicações aeroespaciais da nanotecnologia. Desde a possibilidade de interfaces homem/máquina altamente sofisticadas, até novos materiais inteligentes com a capacidade auto-regenerativa e de conexão em rede. Os mesmos produtos têm evidentes aplicações comerciais, por exemplo no monitoramento remoto de pacientes crônicos ou apoio à população em áreas longínquas. Por outro lado, o espectro do desenvolvimento de novas armas de destruição em massa, de controle de multidões ou de imobilização individual, está sempre presente quando se trata de novas tecnologias tão poderosas.
O Brasil encontra-se bem posicionado para entrar no mundo nanotecnológico, apesar de ter figurado como espectador na revolução da microeletrônica. Possui um razoável contingente de pesquisadores bem treinados, trabalhando no Brasil e no exterior, que participa do desenvolvimento do estada da arte nanotecnológica. No entanto, a indústria nacional tradicionalmente investe pouco em P&D e pode enfrentar dificuldades na absorção dos novos conceitos.
A indústria aeroespacial não é diferente e a maior parte do que hoje projeta a tecnologia nacional teve suas raízes nos laboratórios da Força Aérea Brasileira (FAB), especialmente no antigo Centro Tecnológico Aeroespacial - CTA, e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. O setor aeroespacial é o de maior valor agregado para o Brasil (enquanto o minério de ferro é vendido a US$ 0,30/kg, os produtos aeronáuticos são vendidos a US$10.000/kg e produtos espaciais por US$50.000/kg). Estes dois últimos números constituem o maior valor agregado entre todos os produtos comercializados, inclusive quando comparados a fármacos e eletrônicos.
No entanto, a pesquisa aeroespacial se encontra concentrada, e até certo ponto isolada, especificamente no CTA e INPE. O CTA possui 3 institutos de pesquisa, incluindo todas as frentes de P&D e homologação aeronáutica. Este potencial quase auto-suficiente, aliado às características peculiares do setor, tende a isolar a pesquisa aeroespacial. No entanto, o aspecto multidisciplinar da nanotecnologia não combina com este tipo de isolamento. Maior aproximação com as redes do MCT e com a comunidade científica em geral, e desta com o setor industrial aeroespacial, é chave para que a produção acadêmica se transforme em fator de competitividade dentro do Sistema de Inovação Aeroespacial.
(adaptado de "Nanotecnologia Aeroespacial e a CANEUS", Maj Av Carlos Fernando Rondina Mateus, IEAv, Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, 2006)