A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia (MCT), garante ao Brasil o uso seguro e pacífico da energia nuclear. Criada em 1956, possui hoje uma atuação bastante diversificada, sendo a formulação da política nuclear brasileira o principal elo de ligação entre seus diferentes objetivos.

Por intermédio de suas 14 unidades, localizadas em nove estados brasileiros, a CNEN acompanha de perto todos os usos da energia nuclear no Brasil. Licencia e controla instalações nucleares e radioativas, sejam elas da área médica, industrial, de pesquisa ou geração de eletricidade; credencia os profissionais que atuam nas instalações, e é responsável pelo destino final dos rejeitos radioativos gerados nestas atividades.

Na área médica, a CNEN destaca-se como única produtora de radiofármacos no Brasil. Também desenvolve pesquisas em praticamente todos os setores das ciências nucleares. E, para multiplicar esse conhecimento, realiza um trabalho de ensino e capacitação. Os cursos oferecidos em suas unidades vão desde treinamentos em curtos períodos a programas de pós-graduação.

Como autoridade máxima do governo no setor, a CNEN responde pelas atividades de calibração e pelos padrões de medida na área nuclear brasileira. Além disso, representa o Brasil em organismos internacionais que tratam de assuntos nucleares. 

Cinco instituições, nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, concentram as atividades de pesquisa e desenvolvimento da CNEN:

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) – MG

Criado em 1952, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade da CNEN em Belo Horizonte (MG), foi a primeira instituição brasileira dedicada à área nuclear. Hoje, suas pesquisas abrangem tecnologia e segurança de reatores e a aplicação de técnicas nucleares na saúde, meio ambiente, agricultura e indústria. Entre suas principais instalações destacam-se o reator de pesquisa Triga, um irradiador gama de porte semi-industrial e os laboratórios de nanociência e de termo-hidráulica.

Pesquisas do CDTN contribuíram para que o Brasil dominasse o ciclo de fabricação do combustível nuclear, conquista fundamental para a autonomia do setor nucleoelétrico nacional. Atualmente, há estudos e prestação de serviços em tecnologia mineral, integridade estrutural e engenharia de reatores. Na área de segurança nuclear, o CDTN é referência no País. Desenvolve tecnologia para acondicionar rejeitos de baixa e média atividade de Angra1 e Angra 2, atua em proteção radiológica individual e ambiental, calibra dosímetros e monitores de radiação.

Na área de saúde, pesquisa a eficácia de leveduras no tratamento do cólera e um método mais preciso de diagnóstico da leishmaniose. Estuda, ainda, o uso de veneno de cobra para tratar doenças do sistema nervoso. Há projetos para instalação de um cíclotron e de um aparelho de tomografia por emissão de pósitrons, hoje o mais avançado sistema de diagnóstico por imagens empregado na medicina nuclear.

As técnicas de diagnóstico e preservação ambiental do CDTN são aplicadas em diversos setores. Estudam-se correntes marítimas, métodos de despoluição de ar e água e exploração sustentável de aqüíferos subterrâneos. O CDTN é a única instituição nuclear no estudo do aqüífero Guarani, maior reserva de água potável do planeta.

Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) -  RJ

Localizado no Rio de Janeiro, o  Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) foi criado em 1962 com o objetivo de desenvolver tecnologia nuclear para o Brasil. Atua hoje em diferentes segmentos: engenharia e segurança de reatores, química e materiais nucleares, radioisótopos, radiofármacos, tecnologia ambiental, radioproteção e instrumentação nuclear. Suas principais instalações são o reator de pesquisas Argonauta, dois aceleradores de partículas (Cíclotron CV-28 e Cíclotron RDS 111), circuitos termo-hidráulicos, laboratórios de análises e processos químicos, de ultra-som e de computação paralela e o Laboratório de Interfaces Homem-Sistema (LABIHS), que inaugurou em 2003 uma nova linha de pesquisa e desenvolvimento, a ergonomia de fatores humanos.

O IEN fornece diversos produtos e serviços em suas áreas de atuação, com destaque para a fabricação de radiofármacos, o desenvolvimento de equipamentos e sistemas de instrumentação e o gerenciamento de  rejeitos radioativos. Ainda realiza consultorias e desenvolve processos de purificação e separação químicas e ensaios de materiais com ténicas não-convencionais de ultra-som. Em 2004 dará início ao Programa de Pós-Graduação,  com um mestrado  profissionalizante em engenharia de reatores.

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) – SP

O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) atua nas áreas de saúde, meio ambiente, aplicações de técnicas nucleares, materiais, segurança radiológica e reatores nucleares. O conhecimento gerado por seus pesquisadores e técnicos resulta em produtos e serviços de alto valor ao Brasil. Programas de ensino e informação científica levam esse conhecimento a universidades e outras instituições de pesquisa. O Instituto também é reconhecido por seu apoio à inovação tecnológica, por meio de um programa de incubação de empresas de base tecnológica, o Cietec. Suas principais instalações são os reatores nucleares IEA-R1 e IPEN-MB/01, dois cíclotrons (CV-28 e Cyclone 30), laboratórios de fabricação de elementos combustíveis,  de termo-hidráulica, de radiologia ambiental e outros. Possui também o Centro de Documentação e Informação, com o maior acervo especializado na área nuclear do Brasil.

O Ipen é uma autarquia do Governo de São Paulo com administração técnica e financeira exercida pela CNEN. Foi fundado em 1956 com o nome de Instituto de Energia Atômica (IEA) e passou a integrar a Comissão em 1982. Uma de suas áreas de destaque é a medicina nuclear. No Brasil são realizados cerca de 2,1 milhões de procedimentos médicos com radiofármacos produzidos na instituição. Os cíclotrons e o reator de pesquisa IEA-R1 são utilizados nesta produção, entre diversas aplicações. 

A tecnologia desenvolvida pelo Ipen na área de química e meio ambiente possibilita análises de qualidade de água, ar e solo. No campo do ciclo do combustível, as pesquisas contribuíram para desenvolvimentos em áreas correlatas, como cerâmicas especiais, metais, compósitos, vidros, cristais, lasers e células a combustível. Técnicas de engenharia genética permitem sintetizar em laboratório hormônios para tratamento de doenças. A irradiação é utilizada na esterilização de tecidos humanos, materiais médicos e cirúrgicos, entre outros, além da preservação de alimentos e tratamento de efluentes industriais. 

Instituto de Radioproteção e Dosimetria  (IRD) - RJ

Criado em 1972, o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) tem origem na década de sessenta como Laboratório de Dosimetria na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Hoje, com cerca de 400 profissionais e integrando a estrutura da CNEN, é um dos mais importantes centros da América Latina dedicados ao controle radiológico, dosimetria e metrologia de radiações ionizantes. Suas principais instalações são o Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI) e o Sistema Nacional de Atendimento a Emergências Radiológicas (SAER)

O campo de atividades do IRD abrange as aplicações da radiação nas áreas da indústria, medicina, geração de energia termonuclear e ciclo do combustível nuclear, visando à proteção do trabalhador, da população e do meio ambiente. As pesquisas realizadas têm permitido o desenvolvimento de novas tecnologias e a solução de problemas de proteção radiológica, contribuindo para a utilização segura da radiação ionizante no Brasil.
A especificidade e a qualidade do trabalho do IRD geraram, em conseqüência, uma série de atividades de ensino e capacitação. Sua participação em comitês técnicos e normativos no Brasil e no exterior evidenciam o reconhecimento do instituto como referência em suas áreas de atuação.

Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) – PE

O Centro Regional de Ciências Nucleares foi criado em 1996. Localizado em Recife, é a unidade da CNEN que garante o uso seguro da energia nuclear na região Nordeste. Para isso, realiza monitoramento e avaliação em trabalhadores de instalações radioativas e em pacientes de procedimentos radiológicos e de medicina nuclear. Faz também medições de radiação no meio ambiente.

As principais instalações do CRCN são os Laboratório de Radioproteção e Dosimetria, de Metrologia e de Caracterização Química. Este último permite a realização de análises nos mais variados tipos de amostras, de sedimentos, minerais e aerossóis a hortaliças, plantas medicinais e sangue, facilitando a tarefa de investigação em diversos campos, como impacto e monitoração ambiental, análise forense, geologia, oceanografia, saúde ocupacional e toxicologia.

Buscando ampliar sua atuação, o CRCN está em processo de certificação para realizar calibrações em equipamentos utilizados em radiologia, radioproteção, radioterapia e mamografia e em aparelhos que medem  radiação. Atualmente, realiza irradiação de dosímetros para o Serviço de Monitoração Individual Externa (SMIE) e implanta padrões de referência de raios-X.
    
Outras unidades da CNEN:

• Distrito de Angra dos Reis - Angra dos Reis - RJ
• Distrito de Caetité -Caetité – BH
• Distrito de Fortaleza -Fortaleza - CE 
• Distrito de Goiânia - Abadia de Goiás - GO
• Distrito do Planalto Central -Brasília- DF
• Laboratório de Poços de Caldas -Poços de Caldas - MG