Terra absorve radiação do sol, principalmente na superfície. Essa energia é então redistribuída pela circulação atmosférica e oceânica e radiada para o espaço em comprimentos de onda mais longos (radiação "terrestre" ou "infravermelha"). Em média, para a Terra como um todo, a energia solar recebida é equilibrada pela radiação terrestre devolvida. Qualquer fator que altere a radiação recebida do sol ou enviada de volta para o espaço, ou que altere a redistribuição da energia dentro da atmosfera e entre a atmosfera, a terra e os oceanos pode afetar o clima. Uma mudança na energia disponível para o sistema global Terra/atmosfera é denominada aqui, e em relatórios anteriores do IPCC, um forçamento radiativo.
Os aumentos das concentrações de gases de efeito estufa reduzirão a eficiência com que a Terra se resfria. Uma maior parte da radiação terrestre da superfície é absorvida pela atmosfera e emitida em altitudes mais elevadas e temperaturas mais frias. Isso resulta em um forçamento radiativo positivo que tende a aquecer a baixa atmosfera e a superfície. Essa é a intensificação do efeito estufa _ a intensificação de um efeito que vem atuando na atmosfera da Terra há bilhões de anos devido aos gases de efeito estufa que ocorrem naturalmente: vapor d'água, dióxido de carbono, ozônio, metano e óxido nitroso. O total do aquecimento depende da magnitude do aumento da concentração de cada gás de efeito estufa, as propriedades radiativas dos gases envolvidos e as concentrações de outros gases de efeito estufa já presentes na atmosfera.
Os aerossóis (pequenas partículas) antrópicos na troposfera, derivados principalmente da emissão de dióxido de enxofre pela queima de combustíveis fósseis e de outras fontes, como a queima de biomassa, podem absorver e refletir a radiação solar. Além disso, as mudanças nas concentrações dos aerossóis podem alterar a quantidade e a reflexibilidade das nuvens, porque afetam suas propriedades. Na maior parte dos casos, os aerossóis troposféricos tendem a produzir um forçamento radiativo negativo e esfriar o clima. Eles têm um tempo de vida muito mais curto (de dias a semanas) do que a maioria dos gases de efeito estufa (de décadas a séculos), então suas concentrações respondem muito mais rapidamente às mudanças nas emissões.
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A atividade vulcânica pode injetar grandes quantidades de gases contendo enxofre (essencialmente dióxido de enxofre) na estratosfera, que são transformadas em aerossóis. Isso pode produzir um grande mas transitório forçamento radiativo negativo (ou seja, de alguns anos), tendendo a esfriar a superfície da Terra e a baixa atmosfera por períodos de alguns anos.
A energia do sol varia em pequenas proporções (0,1%) em um ciclo de 11 anos e ocorrem variações em períodos mais longos. Em escalas de tempo de dezenas a milhares de anos, as variações lentas na órbita da Terra, que são bem compreendidas, provocaram mudanças na distribuição sazonal e latitudinal da radiação solar; essas mudanças desempenharam um papel importante no controle das variações do clima no passado distante, como os ciclos glaciais.
Qualquer mudança no balanço radiativo da Terra, inclusive as originárias de um aumento dos gases de efeito estufa ou dos aerossóis, tenderá a alterar as temperaturas atmosféricas e oceânicas e os correspondentes padrões de circulação e tempo. Será acompanhada por mudanças no ciclo hidrológico (por exemplo, alterações na distribuição das nuvens ou mudanças nos regimes de precipitação e evaporação).
Qualquer mudança induzida pelo homem no clima será sobreposta às variações climáticas naturais que ocorrem em uma vasta faixa de escalas espaciais e temporais. A variabilidade climática natural pode ocorrer como resultado das mudanças no forçamento do sistema climático devidas, por exemplo, aos aerossóis originados por erupções vulcânicas. As variações climáticas também podem ocorrer na ausência de uma mudança no forçamento externo, como resultado de interações complexas entre os componentes do sistema climático, como a atmosfera e o oceano. O fenômeno El Niño/Oscilação Sul (ENOS) é um exemplo de tal variabilidade "interna" natural. Para distinguir-se entre as mudanças antrópicas do clima e as variações naturais, é necessário identificar o "sinal" antrópico sobre o "ruído" de fundo
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