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Secretário Nobre retrata interdisciplinaridade de redes de pesquisa
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Entre os exemplos, Nobre citou a combinação entre biologia e informática na bioinformática. Foto: Giba/Ascom do MCTI
15/05/2014 - 15:55

A partir de sua experiência como climatologista e tomador de decisões, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, abordou a prática da interdisciplinaridade em grupos e redes de pesquisa, nesta quinta-feira (15), no 3º Encontro Acadêmico Internacional da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes/MEC). 

 

Segundo Nobre, duas décadas atrás, quando se iniciou a articulação no Brasil, as redes de pesquisa eram encaradas como restritas à área ambiental, que, por definição, integra conhecimentos de origens diversas. “Mas, em 20 anos, realmente essa prática se tornou o pilar para o que hoje nós denominamos como ciência da sustentabilidade”, disse. “Ou seja, a visão mais ambientalista da questão se juntou com concepções mais sociais e também econômicas.”

Voltada a responder os grandes desafios globais, de acordo com o secretário, a ciência da sustentabilidade tem como exemplo clássico a bioinformática, que aplica técnicas da informática no estudo da biologia. “Essas duas disciplinas distintas, muito fortes, se juntam para criar algo novo que não existiria independentemente e que não seria gerado espontaneamente”, afirmou.

Na avaliação de Nobre, a ciência da sustentabilidade “já emerge interdisciplinar” e não poderia ser efetiva sem essa característica. Ele recordou grupos de pesquisa constituídos no país para estudar mudanças ambientais globais, como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) – “uma das redes do Brasil internacionalmente reconhecidas”, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).

Aplicação

O secretário elegeu como desafios brasileiros da ciência da sustentabilidade o desenvolvimento da Amazônia e a superação da pobreza no Nordeste. “Um é mais recente e o outro é histórico”, delineou Nobre, ao comentar que o Brasil avança lentamente nos dois casos, embora se reconheça progresso.

“Na Amazônia, além do LBA, há muitas redes de pesquisa que trabalham de forma interdisciplinar”, relatou. “Escritos clássicos de Celso Furtado já abordavam, na década de 1950, os impedimentos do Nordeste. Sessenta anos depois, não conseguimos ainda resolver [o problema] de maneira duradoura ou encontrar os caminhos de sustentabilidade. Será que nós não estamos falhando na hora de desenhar uma agenda interdisciplinar de pesquisa?”

Nobre ainda questionou se a interdisciplinaridade científica tem envolvido as principais forças de transformação, como setores representativos da sociedade, da economia e da política. Ele ilustrou um possível caminho com uma experiência vivida como secretário do MCTI – a participação em um grupo de trabalho coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, que trata de ações de mitigação para a seca do Nordeste, acentuada em 2012 e 2013.

“Esse grupo representa todos os ministérios envolvidos com ações de mitigação e ouve o que a ciência tem a dizer, por meio de várias esferas representativas da área, como o MCTI, a Agência Nacional de Águas, o Serviço Geológico do Brasil e a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]”, contou. “Pude ver ali, pela primeira vez, a pesquisa interagindo com um nível de decisão política, que resultava no encaminhamento de soluções, ainda que no curto prazo, e, ao mesmo tempo, no fato de a ciência ouvir as preocupações dos tomadores de decisão.”

Interconexão

Para o pesquisador Tercio Ambrizzi, da Universidade de São Paulo (USP), os temas ambientais têm caráter interdisciplinar, tradicionalmente, por causa de sua complexidade: “Quando a gente pensa em termos de água, poluição atmosférica, florestas e várias outras componentes, cada um deles carrega um impacto ambiental e, no geral, estão interligados, nunca estão soltos.”

Ambrizzi defende que a complexidade do sistema se torna ainda maior ao se considerarem as grandes concentrações urbanas, “que na verdade são intrusas dentro de uma floresta, porque começam a crescer e a degradar todo o seu entorno”. Na visão dele, a situação se agrava com as mudanças climáticas.

“Nós já sabemos que a temperatura média global tem aumentado e que isso está ligado à emissão de gases de efeito estufa”, destacou o pesquisador. “Quais são as consequências que já estamos verificando? São os eventos extremos naturais. Temos tido aumento de tempestades, inundações, secas, chuvas e outros. Portanto, são consequências que afetam a vida de todos nós.”

Conforme conjeturou Ambrizzi, a primeira grande rede global, efetivamente, talvez tenha sido o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). “Se sairmos do nível global para o nacional, tivemos a criação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, com a mesma intenção, e, nos últimos anos, iniciativas como a Rede Clima, os institutos nacionais de ciência e tecnologia [INCTs] e programas de fundações de amparo à pesquisa. Os INCTs mostram exatamente essa força que tem a interdisciplinaridade.”

Mediado pelo pesquisador Roberto Pacheco, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o painel sobre redes de pesquisa também incluiu palestra do diretor do Instituto Latino-Americano de Estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ilea/UFRGS), José Vicente Tavares. O encontro teve como tema “Interdisciplinaridade nas universidades brasileiras”, com organização da Capes e do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação das Instituições de Ensino Superior Brasileiras (Foprop).

O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Alvaro Prata, mediou outro painel.

 

Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI

Outras Imagens
O encontro abordou a pesquisa interdisciplinar nas universidades brasileiras. Foto: Giba/Ascom do MCTI
O encontro abordou a pesquisa interdisciplinar nas universidades brasileiras. Foto: Giba/Ascom do MCTI
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