O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou nesta terça-feira (15) uma análise do cenário atual dos parques tecnológicos brasileiros. Intitulado Estudo de Projetos de Alta Complexidade – Indicadores de Parques Tecnológicos, o documento avaliou dados de 80 iniciativas em diversos estágios, a partir de consulta a gestores das unidades em diversas localidades do país.
O estudo foi divulgado na abertura do 23º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e da 30ª Conferência Mundial da Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação, em Recife, com presença do o ministro Marco Antonio Raupp. É fruto da parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do ministério (Setec/MCTI) e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB).
“Os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas têm demonstrado eficiência na transferência de conhecimento de instituições de ciência e tecnologia para o setor empresarial”, destaca o titular da Setec, Alvaro Prata. “Pode-se afirmar que os resultados do estudo são importantes para o direcionamento das estratégias do PNI [Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos] em futuras ações.”
A pesquisa avaliou os parques pelos critérios de distribuição geográfica, estágio atual de desenvolvimento, quantidade de empresas instaladas, número de empregos gerados, fontes de recursos e áreas de atuação.
Ganho socioeconômico
Segundo o estudo, 39,7% das 939 empresas instaladas nos parques que responderam ao questionário estão situadas na Região Sul (373), enquanto 32,3% ficam na Região Nordeste (303) e 24,5% no Sudeste (230). Juntas, as regiões Centro-Oeste e Norte abrigam 33 empresas (3,5% do total).
Até junho de 2013, essas iniciativas geraram 32.237 empregos, distribuídos entre institutos de pesquisa (1.797), gestão das próprias estruturas (531) e iniciativa privada (29.909).
Do total de empregos nas empresas, aproximadamente 13,5% envolvem mestres (2.950) e doutores (1.098). Para o secretário Prata, o indicativo contrasta com o universo empresarial brasileiro, cujo quadro de colaboradores tem participação menos expressiva de profissionais de tal nível educacional.
Concentração regional
Dos 80 parques tecnológicos analisados, 84% se encontram nas regiões Sul (34) e Sudeste (33), em diversas fases de desenvolvimento. O Nordeste tem quatro em operação e dois em implantação. Juntos, Centro-Oeste e Norte têm sete empreendimentos, nenhum em operação.
O relatório enfatiza a necessidade de promover o surgimento de habitats de inovação em áreas menos desenvolvidas, para explorar suas vantagens competitivas e apoiar setores da economia com maior valor agregado. Diante disso, editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) direcionam 30% dos recursos para Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Viabilidade financeira
O esforço conjunto das três esferas do governo e da iniciativa privada se faz presente nas três fases de desenvolvimento, embora a contribuição de cada fonte varie de acordo com o momento. O governo federal investiu 54% do total durante a etapa de projeto. No período de implantação, as esferas estadual e municipal se responsabilizaram por 92% dos recursos. Quando os parques entraram em operação, a iniciativa privada tomou frente, com 55% dos recursos.
Se somados os valores gastos nas três fases, o aporte federal de R$ 1,2 bilhão levou estados e municípios a fornecerem R$ 2,4 bilhões e empresas a aplicarem R$ 2,1 bilhões. “Esse resultado é altamente significativo, com clara demonstração de que o governo atua corretamente no seu papel de indutor no desenvolvimento desses habitats de inovação”, avalia Prata.
Quanto às áreas de atuação, o maior número de citações recaiu sobre tecnologias da informação e da comunicação (TICs), energia, biotecnologia, saúde, petróleo e gás natural e telecomunicações. Segundo o relatório, a diversidade se associa a características específicas de cada região, como indústria aeronáutica e espacial, agronegócio e meio ambiente.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI