Placa de homenagem em Dores do Turvo. Foto: Ascom do MCTI
A Escola Estadual Terezinha Pereira, de Dores do Turvo, cidade localizada no interior de Minas Gerais, ganhou duas placas especiais nesta quinta-feira (22) em homenagem aos premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).
A instituição de ensino, única do município com alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio, teve 26 alunos premiados na edição 2012. Foram três medalhas de ouro, uma de prata, 11 de bronze, além de 11 menções honrosas.
As placas, instaladas à porta da escola e na entrada da cidade, também têm outra razão de ser. O município de 4,6 mil habitantes, localizado na Zona da Mata mineira, a mais de 200 quilômetros da capital, Belo Horizonte, prepara-se para a visita do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, de representantes do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Ministério da Educação.
O grupo chega nesta sexta-feira (23) para conhecer o trabalho desenvolvido na escola, que ganhou destaque nacional devido ao desempenho de seus alunos na Obmep. Na edição do ano passado, 29 estudantes foram classificados para a 2ª fase da olimpíada, sendo 26 premiados pelo resultado alcançado.
Foi da instituição, inclusive, a melhor pontuação do estado e a segunda do país no nível 1, conquistada por Dávila Meireles, de 13 anos. Natural de Águas Claras, distrito rural localizado a 25 quilômetros de Dores do Turvo, ela recebeu a primeira medalha de ouro no ano passado.
Outro medalhista de ouro, Evandro Firmiano da Silva, 12 anos, é de Pinheiros, a 18 quilômetros da região central de Dores do Turvo. A prefeitura responde pelo transporte deles e de outros alunos até a escola.
Evandro tem três irmãs e a mãe, Nerli, que trabalha com ordenha em uma fazenda, sustenta sozinha a casa. Orgulhosa, ela fala da facilidade do filho com o aprendizado. “Com três anos ele aprendeu a ler e escrever sozinho. Quando fiquei sabendo que ele tinha sido medalhista de matemática, chorei”.
O jovem gosta de jogar bola e videogame e pretende ser engenheiro. “Minha meta é sair para estudar em uma universidade na capital, ir para fora do Brasil e depois voltar para ajudar melhorar a educação do meu país”.
Estímulo
A diretora Ângela Maria Campos diz que desde 2005 a escola vinha apresentando melhora nos resultados. “Mas em 2012, foi realmente um espetáculo”, enfatiza a diretora, que atribui o avanço a um conjunto de fatores: desde o comprometimento dos professores, passando pelo apoio e envolvimento dos pais até o esforço e interesse dos próprios estudantes.
“Eles aprenderam a gostar da matemática. Antes tinham medo da disciplina e hoje querem superar desafios”, relata Ângela, ao acrescentar que a preparação dos alunos para a Obmep ganhou impulso a partir de 2007, com a realização de uma premiação interna.
A olimpíada premia com medalhas e com bolsa de iniciação científica os melhores classificados nas duas etapas de provas (objetiva e discursiva). No intuito de incentivar ainda mais os alunos, a escola passou a entregar prêmios aos que não conquistaram medalhas, mas que alcançaram a segunda etapa da olimpíada.
Os padrinhos e doadores dos prêmios são ex-alunos da escola que alcançaram sucesso em suas profissões. “Eles têm o maior prazer em participar e, a cada ano, procuramos oferecer uma premiação diferente, geralmente com algum produto ou objeto da moda”, conta. “Começamos com um simples pendrive, já tivemos camisa oficial da seleção na Copa do Mundo e, neste ano, serão tablets”.
Dedicação
Os classificados para a segunda fase recebem reforço e treinamento em horários inversos ao de aula, à noite. Um dos responsáveis pelo trabalho é o professor Geraldo Amintas, um dos 140 professores premiados pela Obmep.
Com 33 anos dedicados “à arte de lecionar”, como ele mesmo diz, e na mesma escola onde estudou na juventude, Amintas se sente realizado profissionalmente. “O objetivo é que o estudante se torne um cidadão útil para a sociedade. Vários dos nossos alunos premiados na Obmep foram para a universidade e, principalmente, para cursos de exatas”, observa. “O retorno que tenho pelo meu esforço, o que me motiva, é ver o sucesso dos meus alunos, ainda mais numa cidade pequena como Dores do Turvo, onde todo mundo se conhece. O meu cardiologista, o meu dentista e o padeiro, por exemplo, são meus ex-alunos”. Leia mais.
Texto: Denise Coelho - Ascom do MCTI