Uma pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio de estudo com larvas de moscas, permite detectar, em indivíduos mortos, se houve abuso de cocaína.
O trabalho da estudante de mestrado Tamires Rezende Vieira, do programa de Pós-Graduação em Entomologia (PPG-ENT) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), analisou a presença de cocaína na cutícula de larvas de moscas criadas em tecido morto intoxicado, que dá possibilidade de saber o intervalo pós-morte (IPM) e se a causa foi por overdose da droga.
O ramo da entomotoxicologia forense, que usa os insetos para detectar substâncias tóxicas. Essa informação pode ser útil para uma investigação em âmbito judicial. No Inpa, esse é o primeiro trabalho nesse sentido. “Em pessoas que morrem pelo efeito de superdosagem, a droga pode ser detectada nos insetos, mesmo depois de vários dias após a morte”, explica o orientador o orientador da pesquisa, José Albertino Rafael, pesquisador do Inpa.
Na experimentação, foram introduzidos 18 coelhos – seis para controle não receberam droga, seis receberam DL 50 (dose que mata 50%) e outros seis receberam DL 100.
Após a morte dos coelhos por injeção de uma overdose de cocaína, o fígado foi retirado para ser utilizado como substrato para a criação das larvas das moscas. O fígado é o órgão que absorve mais rapidamente a droga.
Conservação
Segundo Rafael, a vantagem desse método é que, no caso do corpo em decomposição, a droga se dilui e dissipa, desaparecendo rapidamente no meio ambiente. Já as larvas necrófagas (que se alimentam de tecido animal morto) absorvem a substância, que fica armazenada e concentrada no seu tecido.
As larvas em indivíduos que estiveram sob o efeito da droga atingiram tamanho diferente daquelas presentes nos outros. De acordo com o pesquisador, há drogas que aceleram o desenvolvimento da larva num curto período de tempo – caso da cocaína – e há outras que retardam.
Ele conta que o próximo passo é expandir os estudos com outras drogas e firmar uma parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que apoiou a pesquisa, a fim de subsidiar a Polícia Civil do Estado do Amazonas.
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Texto: Josiane Santos – Ascom do Inpa