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INCT Nanobiofar descobre novo peptídeo
11/07/2013 - 11:04
Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanobiofarmacêutica (INCT Nanobiofar) descobriu um novo peptídeo que atua na dilatação dos vasos sanguíneos. O estudo, cujos resultados aparecem no artigo Discovery and Characterization of Alamandine, a Novel Component of the Renin-Angiotensin System, explicita o funcionamento da alamandina, que possui propriedades semelhantes a de outro peptídeo já conhecido, a angiotensina-(1-7).

Os peptídeos são pedaços de proteínas que agem por meio de ligações com os receptores, que também são proteínas, mas localizados nas membranas das células. No momento em que ocorre a ligação entre o peptídeo e o receptor, são desencadeadas reações no corpo humano, que variam de acordo com a função do peptídeo que participa do processo.

No caso da alamandina, esta envia um comando ao cérebro que faz com que os vasos sanguíneos aumentem ou diminuam sua dilatação. “Ela tem propriedades interessantes. É anti-hipertensiva (reduz a pressão de animais hipertensos) e produz efeitos antifibróticos no coração, inibindo a formação de tecido conjuntivo no músculo do coração”, explica o professor Robson Augusto Souza dos Santos, pesquisador do Laboratório de Hipertensão do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e coordenador do INCT Nanobiofar. “Essas duas propriedades permitem que a alamandina possa ser usada na terapêutica cardiovascular”.

Há alguns anos, seu grupo de pesquisa já havia descoberto outro peptídeo que também possui funções cardiovasculares, a angiotensina-(1-7). O pesquisador explica que, apesar dos peptídeos possuírem propriedades semelhantes, a ação da alamandina no organismo ocorre de forma diferente.

“A angiotensina-(1-7) e a alamandina podem atuar juntas no controle da hipertensão arterial. A principal diferença é que a segunda age ao facilitar a produção de óxido nítrico (NO), um gás vasodilatador. É importante ressaltarmos que ela também pode auxiliar no tratamento de diabetes. Nesse caso, o óxido nítrico ajuda no transporte de glicose (açúcar), facilitando o tratamento da doença”, explica.

Medicamento - O uso da alamandina no tratamento de hipertensão e diabetes, a princípio, não tem contra-indicação, segundo Robson. “Como esse peptídeo é produzido pelo corpo humano, já sabemos que não haverá reação química desfavorável no organismo de quem venha a tomar um medicamento com essa substância. Por isso, o novo peptídeo logo poderá ser produzido em laboratório e ingerido via oral para atuar junto à angiotensina-(1-7), potencializando os efeitos do tratamento”, afirma Santos.

No momento, o grupo de pesquisadores liderado por Robson Santos está preparando o protocolo clínico para a realização dos testes sobre a viabilidade da alamandina como medicamento. O protocolo será submetido à aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O fato de a alamandina ser endógena permite, ainda, que a pesquisa de aptidão seja efetuada com menos etapas. “Podemos pular a parte da toxologia e ir direto aos testes clínicos, uma vez que já sabemos que a alamandina não faz mal à saúde”, ressalta o pesquisador.

A descoberta do peptídeo, além de permitir a elaboração de novos medicamentos, muda conceitos das áreas de fisiologia e farmacologia. “Esse achado vai para os livros de fisiologia e farmacologia. Estamos contribuindo para novos estudos, além de abrirmos outras perspectivas terapêuticas”, conclui Robson.

 

Texto: Ascom do CNPq, com informações do Cedecom da UFMG

 

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