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Trabalho permite retomada da língua indígena Puruborá
17/04/2013 - 17:12
Os remanescentes do povo indígena Puruborá podem novamente reconhecer e aprender sua língua. A possibilidade foi aberta com o trabalho de recolhimento, pesquisa e investigação linguística pela pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI) Ana Vilacy Galucio, em conjunto com os poucos falantes da etnia, que resultou na sistematização de um vocabulário puruborá.

"Fizemos oficinas sobre fonética e ortografia puruborá. Foi então que professor Mário Oliveira Neto se motivou para entender e passar para os outros alunos essa língua. Quando ele começou a estudar, percebeu coisas que podiam ser alteradas, melhoradas”, lembra a pesquisadora.

Ana Vilacy ressalta que a ortografia é uma convenção, para cada língua pode ser diferente ou igual. Estudar a língua a fundo é o primeiro passo. “Precisamos estudar a fonologia, estudar a fonética, ver como as palavras são agrupadas, que som faz diferença”, descreve. Após esse processo de investigação, o que foi aprendido sobre a língua foi repassado aos poucos para o grupo. “Começaram falando as vogais e a diferença das vogais nasais para as vogais orais. Puruborá tem sete vogais orais, por exemplo. Então, Mário participou das oficinas e começou a entender e passar para os alunos esse conhecimento adquirido.”

Mário Oliveira Neto, 34 anos, comemora fato de dar aulas sobre a língua Puruborá há um ano e dois meses na escola Jwara Puruborá, na Aldeia Aperoi, em Seringueira, leste de Rondônia. São 14 alunos, entre adultos e crianças. “Para mim, que não falava a língua e nem sabia o nome dela, foi uma recriação do povo, um reavivamento da nossa cultura e dos nossos costumes”, diz. O professor ressalta que o idioma é fácil. “Eu cobro dos pais e alunos que muitos já fizeram por nós e agora é a nossa vez de dar prosseguimento a nossa cultura.”

Para ele, o mais importante é seguir com o sonho de manter a língua viva para futuras gerações. “Depois desse trabalho, começou a nossa luta. Hoje podemos dizer que nós somos povos indígenas e a segurança disso é a nossa língua materna, já que a nossa tradição e cultura têm pouco registro.” E finaliza: “Se a gente não aprender a nossa língua materna, o que a gente vai aprender mais?”

Exposição

A exposição Preservando a língua dos Puruborá teve início nesta terça-feira (16) e segue aberta ao público visitante do Museu Goeldi, em Belém, até o início de maio. A entrada é franca. A atividade faz parte da programação em comemoração ao Mês dos Povos Indígenas.

 

Texto: Silvia de Souza Leão – Agência Museu Goeldi

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