Detalhe do local atingido pela poluição, em Santo Amaro da Purificação (BA) Foto: Associação das Vítimas de Contaminação de Chumbo
Os danos ambientais causados pela contaminação por chumbo à cidade de Santo Amaro da Purificação (BA) – terra natal do cantor e compositor Caetano Veloso – serão alvo de debates no Seminário Santo Amaro, que o Centro de Tecnologia Mineral, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Cetem/MCTI) promove na quarta (24) e quinta-feira (25) em seu auditório, no Rio de Janeiro (RJ).
Nesses dois dias, especialistas vão discutir questões como avaliação socioambiental e da contaminação por chumbo em Santo Amaro; caracterização dos passivos ambientais da atividade metalúrgica de chumbo e ações contra os impactos socioambientais negativos.
A poluição da região, denunciada em versos pelo artista baiano, foi provocada pela Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac) a partir dos anos 60, resultando num passivo ambiental de 500 toneladas de cádmio e 500 mil toneladas de escória de chumbo. Vendida ao Grupo Trevo em 1989, a usina da Cobrac foi fechada quatro anos depois.
Para reverter essa situação, o Cetem, com apoio da Subecretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa (Scup//MCTI), desenvolveu estudo completo de amostras de solos, resíduos de metalurgia e escórias, que servirá de base para uma reavaliação científica e tecnológica dos impactos ambientais. Avaliação preliminar indica que seriam necessários R$ 300 milhões para a descontaminação da cidade, incluindo atendimento médico, indenizações e aposentadorias especiais.
Coordenado pelos pesquisadores do Cetem, Francisco Fernandes e Luiz Carlos Bertolino, em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCTI), o trabalho, denominado projeto Santo Amaro, prevê o desenvolvimento de modelagens matemáticas, com participação do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O objetivo é realizar investigações na linha de pesquisa de geologia médica, juntamente com a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Os riscos que corre essa gente morena, o horror do progresso vazio, matando os mariscos e os peixes do rio”. Os versos de Caetano retratam bem a poluição dos recursos hídricos da região, que recebia resíduos industriais lançados sem tratamento, contaminando moluscos, sedimentos e mariscos. Passados 50 anos, apesar da apresentação de estudos e projetos, não houve uma solução definitiva para o problema.
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Texto: Ascom do Cetem