O Brasil precisa desenvolver um sistema de risco dinâmico. A proposta foi feita, nesta segunda-feira (17), pelo coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Agostinho Tadashi Ogura, durante o 16º Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (Cobramseg), que ocorre em Porto de Galinhas (PE). O evento termina nesta terça-feira (18).
Na avaliação de Ogura, é preciso qualificar dados estatísticos de chuvas em todo o país – hoje dispersos e estáticos – além de dispor de informações em tempo real, relacionando-as às situações dos solos e dos riscos de enchentes e deslizamentos em cada área.
Entre as medidas necessárias ao sistema proposto, Ogura apontou a necessidade de que todas as áreas de risco possuam cobertura de radar, uma boa rede de pluviometria (com equipamentos automáticos, que forneçam informação mais precisa e em tempo real) e um fluxo permanente de informação por parte dos municípios operados (retorno das situações de risco observadas pelos municípios).
Na opinião do coordenador do Cemaden, “cruzando estes dados, podemos ter condições de acompanhar a evolução das chuvas, de deslizamentos, cheias, inundações e enxurradas, por meio da observação de indicadores de sinais nas encostas, do nível das águas das cheias nas drenagens (rios e córregos). Tudo isso feito dinamicamente”, explicou.
Indicadores de medição
Na área tecnológica, Ogura explica que o cruzamento de informações seria feito por uma plataforma de banco de dados, comandada por uma programação que analise a dinâmica de risco.
“Vamos estabelecer indicadores de medição, que serão analisados continuamente, por meio de formulações matemáticas lógicas (análise de probabilidade de risco, iminência de um perigo), informações que serão processadas por um supercomputador " , assinalou Ogura.
O coordenador do Cemaden acrescentou que todos os dados coletados dos radares, dos pluviógrafos (equipamentos que fazem a medição automática do nível das chuvas) e das áreas de risco serão analisados em ambientes de programação matemática (algoritmos e equações específicas) para prevenção de desastres”.
A ideia é unir a parte de hardware (radar, pluviometria e supercomputador) com a do conhecimento humano (indicadores de análise, como limiares críticos de chuva que apontam quando a ocorrência do desastre é iminente).
“Esse conhecimento humano vai definir os indicadores que serão utilizados na montagem do software de análise de risco e para a tomada de decisão”, disse Ogura, para quem a meta é conseguir que todos esses elementos funcionem em harmonia e forneçam informações com antecedência e confiabilidade.
Desafio
Para o coordenador do Cemaden, entidades como a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), promotora do Cobramseg, e a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE) lançaram-se ao desafio de reunir e digitalizar as cartas geológicas e geotécnicas, espalhadas por diversos órgãos de pesquisa.
Ogura, citou, ainda, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que dispõe de inúmeros estudos e cartas geológico-geotécnicas ainda em papel. “Todo este acervo precisa ser digitalizado”, sugeriu.
O Cobramseg é uma realização da ABMS em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade Estadual de Pernambuco e a Pontifícia Universidade Católica de Pernambuco.
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Texto: Ascom do MCTI - Ascom do Cobramseg