Ricardo já ganhou seis medalhas de ouro na Obmep Foto: Site Pé no chão Informativo
Superação. Seu nome é Ricardo Oliveira Silva, 23 anos, cearense, e uma grande vontade vencer e ultrapassar seus próprios limites. Impedido de frequentar a escola até os 16 anos, devido à uma atrofia espinhal, ele é um dos 500 medalhistas de ouro da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) 2012.
A limitação física – ao contrário do que seria para a maioria – não deteve a caminhada vitoriosa de Ricardo. Mesmo sem ter podido aprender a ler, escrever e estudar até os 16 anos, o estudante teve ajuda dos pais, que o motivaram ao contato com as primeiras letras, números e operações.
A trajetória do campeão de matemática de Várzea Alegre (CE) começou por meio de um programa de inclusão educacional oferecido pelo governo do Estado, em 2007, quando também ganhou a primeira medalha de ouro na olimpíada. Hoje, o filho de agricultores, que usa cadeira de rodas e foi levado num carrinho de mão pelo pai para fazer a primeira prova, exibe com orgulho quatro medalhas de ouro e duas de prata.
Primeira medalha
Em 2008, ele recebeu a primeira medalha de ouro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda-feira (27), durante a Cerimônia de Premiação da Obmep, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ele recebeu a medalha de 2011 das mãos da presidenta Dilma Rousseff. Após a cerimônia, ele não conseguia explicar aos jornalistas a emoção que sentia pelo reconhecimento.
Dedicação aos estudos e o amor pelas ciências exatas contribuíram para ter chegado tão longe, avaliou Ricardo. “Sempre fui curioso, como um cientista, a matemática é o alicerce de toda ciência, por causa disso tive mais facilidade”, afirmou o estudante, que hoje está finalizando o ensino médio e ainda não decidiu que profissão seguir.
Participação
A Obmep é promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), e realizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), que integra o sistema do MCTI, com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A iniciativa começou em 2005, com a participação de 10 milhões de estudantes de 30 mil escolas.
Ao falar sobre o crescimento da olimpíada, que hoje mobiliza 19 milhões de estudantes de 46 mil escolas em todo o país, o coordenador geral da Obmep, Claudio Landim, ressaltou a importância do apoio oferecido aos medalhistas “Essa olimpíada está conseguindo mudar o destino de milhares de crianças”, disse.
O apoio ocorre por meio do curso de iniciação científica, com a participação dos melhores professores do país e a utilização de material didático qualificado e da bolsa também oferecida aos alunos medalhistas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).
Durante a cerimônia, o diretor do Impa, César Camacho, anunciou a ampliação do programa, que atende hoje até 3.200 medalhistas com programas de iniciação científica. A meta é ampliar para 10 mil estudantes em 2012, sendo 4.500 no próximo ano. A justificativa seria o grande desempenho dos estudantes nas provas. “Se a Obmep já é a maior olimpíada do mundo ela será também o maior programa de inclusão social pelo mérito”.
Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI