A casa montada pelo Insa. Foto: Divulgação/Insa
O Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI) decidiu comemorar de forma criativa o centenário de Luiz Gonzaga. A instituição construiu, em Campina Grande (PB), uma casa de taipa (habitação de madeira e barro) como cenário perfeito para a exposição que recria a vida do sertanejo, eternizado nas composições e interpretações do “Rei do Baião”.
Ao entrar nela, o público poderá conhecer de perto (no período de 21 a 30 de junho) a vida e obra do artista, por meio de livros, discos, cordéis, reportagens e outros objetos referentes ao maestro da sanfona. A intenção do Insa é aproveitar a exposição como oportunidade para reavivar, na imaginação do visitante, o universo do sertão semiárido, rico e diverso.
Luiz Gonzaga é considerado uma das maiores referências da música popular nordestina e responsável pela popularização de ritmos como xotes, xaxados, marchinhas e emboladas. A exposição também é uma oportunidade para que o público conheça melhor a cultura, a história e as tradições populares nordestinas.
Ligação com a terra
O rancho de taipa tem como tema a ligação do homem do Semiárido com a terra, com a pecuária, com as previsões de chuva e de seca pela cultura popular, as denominadas “adivinhações de invernadas” feitas pelos chamados “profetas da seca”. De acordo com o curador da mostra do Insa, o professor Daniel Duarte Pereira, “as casas de taipa de sopapo, em um passado recente, foram uma inovação com o uso apropriado dos recursos ambientais existentes em abundância”.
Para Daniel Pereira, por séculos os habitantes do Semiárido, por força da experiência cotidiana, descobriram as melhores madeiras para construir esteios, fazer ripas e caibros, portas e janelas, varas para a armação, cipós para amarras, testaram as melhores pedras para construção e disposição dos cômodos frente aos pontos cardeais, encontraram a melhor composição na mistura do barro para o reboco.
A construção das casas de taipa era um projeto realizado pela coletividade de parentes, amigos e vizinhos e servia ao propósito de união comunitária e terminava em festa com comida farta, bebidas e música. As casas eram ornamentadas com os poucos objetos disponíveis, nos quartos encontravam-se as camas de lastros de couro ou varas, lavatórios e baús para roupas, na sala tamboretes, mesas de gaveta, bancos de correr e almofadas de renda, na cozinha potes, jarras e formas, tripés e panelas de barro.
Completavam os bens familiares um pilão, uma roca de fiar e uma máquina de costura de mão. Já a dieta familiar se baseava no feijão de corda, cuscuz de milho triturado no moinho, arroz pisado e descascado no pilão, farinha e goma para tapioca, carne de galinha de capoeira, de bode ou, mais raramente, de gado.
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Matéria atualizada em 28/06/2012
Texto: Ascom do Insa