Inovar, para garantir a continuidade do crescimento econômico brasileiro, mantendo o fôlego do consumo interno e abrindo espaço lá fora. Essa foi, em linhas gerais, a mensagem dos participantes da cerimônia de abertura da 12ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, realizada nesta segunda-feira (11), em Joinville (SC). A cerimônia foi aberta pelo vice-presidente da entidade, Guilherme Marco de Lima, e teve a participação do secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antonio Rodrigues Elias, que representou o ministro Marco Antonio Raupp; do presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Glauco Arbix; e do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo.
O secretário executivo do MCTI enfatizou a necessidade de os empresários apoiarem a mobilização que visa garantir que parte dos recursos dos royalties do petróleo seja destinada obrigatoriamente para as áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. “A Câmara Federal deverá em breve votar as novas regras de partilha dos royalties e é importante maior mobilização dos empresários”, disse. Ele também lembrou que a nova regra de partilha dos royalties, aprovada pelo Senado e agora nas mãos da Câmara dos Deputados, excluiu a parcela que era destinada ao CT-Petro – o maior fundo setorial do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), cujos recursos são aplicados em P,D&I. Isso significa, disse ele, menos R$ 1,3 bilhão para a área, anualmente.
Elias lembrou que vem acompanhando as conferências da Anpei desde 2001, e cumprimentou a associação pelos esforços empreendidos em prol da inovação. Elogiou também a atuação da Anpei nas discussões sobre o futuro Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que hoje se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados.
O governador de Santa Catarina resumiu bem a situação do Brasil diante da proposição do tema central do evento: “Inovar Agora: competição global e sobrevivência local”. “O crescimento do Brasil, baseado em um mercado consumidor interno, começa a perder força, e é preciso agora investir em inovação para sermos competitivos no mercado global”, disse. “Se não fizermos esse dever de casa, vamos comprometer o que conquistamos com muito esforço nos últimos anos”, alertou.
Necessidade cotidiana
Já o vice-presidente da Anpei, Guilherme Marco de Lima, coordenador geral da conferência, enfatizou a importância de alocar recursos sólidos e estáveis para estimular a inovação nas empresas. “Inovação tem que estar no dia a dia das empresas. É resultado de um esforço conjunto do governo, das instituições de ciência e tecnologia e das empresas”, ressaltou. “Hoje temos mais instrumentos de apoio e um marco legal, mas esse esforço ainda não é suficiente para o patamar e inovação que desejamos alcançar.”
Para o presidente da Finep, Glauco Arbix, a inovação é fundamental para o Brasil ter um crescimento econômico sustentável e diminuir a pobreza e a desigualdade social. Ele falou dos esforços do governo de transformar a economia brasileira mais amigável para a inovação e informou que a Finep tem atualmente uma carteira de R$ 14 bilhões para financiamento de projetos. “Se antes a demanda era menor que os recursos disponíveis, hoje ocorre o inverso”, disse Arbix, para quem a tendência é crescer cada vez mais. Uma das metas da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Encti) é aumentar os dispêndios nacionais em Pesquisa & Desenvolvimento para 1,8% até 2015. “Vamos ter que crescer a um ritmo de 20% ao ano para alcançar essa meta, o que implica aumentar os recursos e facilitar seu acesso”.
Arbix defendeu que os investimentos em inovação sejam focados nas áreas de energia, saúde, tecnologia da informação e comunicação, aeroespacial e tecnologias sustentáveis. Um dos caminhos, adiantados por ele, será a integração e unificação dos recursos. Em breve, a Finep lançará um programa no qual, em vez de submeter projetos pontuais de inovação, as empresas terão uma conta corrente com dinheiro permanente para investir em atividades contínuas de inovação. À medida que cumprirem os requisitos básicos, como contratar mais pesquisadores e produzir o que antes era importado, receberão mais crédito.
Diretoria
O atual presidente da Anpei, Carlos Calmanovici, da Braskem, foi reeleito para o cargo em eleição realizada em paralelo à conferência. O vice-presidente, Guilherme Marco de Lima, da Whirlpool/Embraco, também foi reconduzido ao cargo. O mandato vale para o período 2012-2014.
Texto: Ascom da Anpei