A colaboração entre a comunidade científica e a educacional é essencial para a melhoria da educação no Brasil e para o avanço da ciência e tecnologia no país. Esse é o cerne da sessão temática “Educação em Ciência: Experiências Inovadoras”, realizada na 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação (CNCTI),
De acordo com o palestrante Ernst Wolfgang Hamburger, professor da Universidade de São Paulo (USP), a ciência é um conhecimento que se adquire pela pesquisa e que é passada de geração em geração. “É preciso que o ensino da ciência, desde a escola fundamental, seja baseado na idéia da pesquisa e de que o conhecimento que se revela, estuda e busca não é dado pronto”.
Um exemplo de investigação científica realizado na Academia Brasileira de Ciências foi apresentado para uma platéia composta por professores das mais diversas localidades brasileiras. A idéia do projeto “Mão na Massa” é oferecer aos alunos um desafio, onde eles possam participar da escolha do tema, fazer o planejamento, a investigação e o registro de cada passo do trabalho. Segundo o pesquisador, esse tipo de ensino tem repercussão imediata na formação dos professores. “Para implantar nacionalmente uma proposta como essa seria necessário reformular as licenciaturas, incluindo o ensino de ciências baseado em investigação na educação continuada do professor e desenvolver uma avaliação e acompanhamento”.
Durante a sessão temática também foram apresentados outros casos de sucesso. A professora e diretora escolar Luzia Cristina Arruda, da Escola Estadual Dr. Carlos Guimarães, apresentou o trabalho de conscientização ecológica que está sendo realizado no grupo escolar do qual faz parte. “A partir do momento que o centro de formação dos professores de diferentes áreas do conhecimento apenas repasse o conteúdo ao profissional, que, por sua vez, o transmitirá aos seus alunos, não conseguiremos quebrar essa hegemonia de que o conhecimento científico é específico do profissional da área de ciências”, explica a diretora.
Uma experiência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) foi apresentada também pelo palestrante Aderli Vasconcelos Simões, na sessão plenária. O professor explicou que o programa “Ciência na Escola”, chamado de PCE, foi criado pela Fundação para fomentar a iniciação científica para estudantes de ensino fundamental e médio. “A idéia do projeto é apoiar os estudantes, desenvolver habilidades de iniciação científica, incentivar os professores da rede pública de ensino, contribuir com a formação continuada e despertar os alunos a vocação para a pesquisa”.
No encerramento da sessão, a professora Roseli de Deus Lopes, da escola politécnica da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre a necessidade de um esforço concentrado para que seja dado um salto significativo na educação brasileira. “Hoje há uma grande quantidade de crianças que ingressam na educação básica, mas, muitas delas não conseguem terminar. Infelizmente, nesse processo de massificação, temos professores apaixonados e muitos que não possuem formação adequada”.