O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT) participa nesta quinta-feira (29), em Belém (PA), de duas etapas do Fórum Social Mundial 2009. A coordenação de Ciências Humanas do Museu, representada pelo projeto Renas 3, do Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos (Lamaq), promove, às 9h, o Colóquio das águas: uso das águas em comunidades costeiras e de estuários.
À tarde, às 15h, a antropóloga Priscila Faulhaber participa do painel Amazônia Universal e Teatro do Mundo, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Em sua apresentação ela aborda a divisão intelectual do trabalho entre coletores e teóricos de gabinete, a partir da etnografia e das contribuições de Constant Tastevin e Curt Nimuendaju.
"Dois escritores-viajantes, ambos europeus de nascimento, trabalharam na Amazônia na primeira metade do Século 20, até o final da 2ª Grande Guerra mundial", diz a pesquisadora. Na Amazônia, eles viveram uma outra espécie de guerra, participando da construção da política indigenista alternativa, enfrentaram pressões dos patrões locais porque estavam valorizando os conhecimentos e a autodeterminação dos povos indígenas.
Como indigenistas, eles estavam inseridos em um sistema paternalista e colonial de sujeição dos índios e subordinação de seus territórios. Como etnógrafos, eram coletores de artefatos indígenas para o mercado de bens simbólicos. Mas exerceram um papel de valorizadores das culturas indígenas e até hoje são lembrados pelos índios que os conheceram como "pais protetores", que os ajudavam a preservar suas culturas e a defender seus direitos. "Sendo assim, eles participavam do sistema de dominação, mas invertiam estas relações quando se comprometiam com a as lutas indígenas", explica Faulhaber.