Carlos Nobre fala durante a cerimônia no CNPq. Foto: Giba/Ascom do MCTI
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, destacou o grau de maturidade da parceria bilateral de Brasil e França, nesta terça-feira (15), durante solenidade para assinatura de acordo de cooperação acadêmica e científica entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília.
“A França é uma das cooperações mais relevantes do Brasil com países em estágio avançado de pesquisa – historicamente, no presente e para o futuro”, disse Nobre. “Diferente de outros esforços de assistência ao mundo em desenvolvimento, o IRD sempre trabalhou com o modelo conhecido como ‘brain circulation’, hoje considerado o ideal para o planeta. A circulação de talentos intelectuais, em vez da fixação em certos centros, é a solução para o desenvolvimento sustentável, robusto e permanente das sociedades globais.”
Segundo o conselheiro de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França, Jean-Paul Rebaud, o governo do país europeu enxerga como “prioridade absoluta” a cooperação científica e universitária com o Brasil. “O IRD coopera com o CNPq há 35 anos, período no qual desenvolvemos mais de 150 projetos de pesquisa. É uma parceria essencial, que tem que continuar.”
Rebaud ressaltou a intenção de ter cada vez mais estudantes e pesquisadores franceses no Brasil. “Aquele movimento mais tradicional, que era a formação de mestres e doutores brasileiros na França, precisa continuar – e estamos de braços abertos para recebê-los lá –, mas também queremos estabelecer uma cooperação de mão dupla. Aliás, já somos o segundo país que mais envia acadêmicos para cá, pelos dados do Itamaraty [como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores brasileiro] sobre presença universitária, atrás da Colômbia.”
Projetos
O diplomata informou que o 2º Fórum Franco-Brasileiro de Ensino Superior e Pesquisa está marcado para 15 e 16 de setembro, em Paris. “A primeira edição foi organizada em 2009, aqui em Brasília, durante o Ano da França no Brasil”, lembrou. “Será uma ocasião para os dois países refletirem sobre suas várias cooperações, fazer um balanço e também definir uma agenda de discussões e negociações de novas prioridades, baseadas no trabalho já feito.”
Em oceanografia, o secretário Nobre comentou sobre o projeto Rede de Boias Ancoradas para Pesquisa Piloto no Atlântico Tropical (Pirata, na sigla em inglês), mantido por Brasil, Estados Unidos e França desde 1997. “É um grande investimento científico com enorme retorno na geração de conhecimento essencial, porque precisamos aprender como os oceanos funcionam e todas as suas dimensões, se quisermos realmente entender mudanças climáticas e utilizar sustentavelmente os recursos imensos que os oceanos proporcionam.”
Para o diretor de Cooperação Internacional do CNPq, Sérgio Beirão, o acordo entre UFPE e IRD é um exemplo inovador de esforço de internacionalização da ciência brasileira. “De maneira geral, esse estímulo vem de agências, como nós e a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], mas é importante que a universidade se envolva e tome iniciativa.”
Acordo
Na opinião do reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, a França é “um modelo de país que sabe conciliar solidariedade e ciência”. Já o representante do IRD no Brasil, Frédéric Huynh, observou que a parceria é antiga, com os primeiros projetos iniciados em 1997, como o Pirata. “A assinatura deste convênio permite reconhecer e valorizar mais de 15 anos de cooperação científica na busca do conhecimento dessa interação entre oceano e clima.”
O acordo tem por objetivo estabelecer cooperação acadêmica e científica nas áreas de ciências da vida, ciência da terra e ciências humanas e sociais. Implantado no Brasil em 1979, o IRD realiza pesquisas com instituições e universidades sob a chancela do CNPq, das fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI (atualizado às 18h10)