Um sistema de alerta para riscos de casos de dengue foi desenvolvido, com a colaboração do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), para 553 microrregiões brasileiras, incluindo as 12 cidades que receberão os jogos da Copa do Mundo.
Um artigo sobre esse trabalho, apresentando uma previsão específica para essas cidades em junho, foi publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases, tendo como um dos coautores o pesquisador Caio Coelho, do CPTEC.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que participa do estudo, apesar de o sistema de alerta indicar maior risco de ocorrência da doença (definido como de 300 casos ou mais para cada 100 mil habitantes) para Recife, Fortaleza e Natal, a probabilidade de uma epidemia é considerada pequena, com 19%, 46% e 48% de chance para estas cidades, respectivamente. Segundo a Fiocruz, a possibilidade de previsões com até três meses de antecedência, baseada em informações climáticas, como a apresentada no trabalho, permite programar medidas locais de controle da população de mosquitos nas cidades indicadas com maior risco.
O sistema de alerta foi desenvolvido por uma equipe internacional e multidisciplinar, envolvendo, além da Fiocruz e do CPTEC, o Ministério da Saúde, a Universidade de Brasília (UnB), o Instituto Catalão de Ciências Climáticas (IC3), da Espanha, o UK Met Office e a Universidade de Exeter, da Inglaterra. O sistema usa dados climáticos, já que chuvas e altas temperaturas produzem um efeito importante na transmissão da dengue em áreas propensas a epidemia, favorecendo a proliferação do mosquito transmissor Aedes aegypti e a disseminação do vírus da doença. As previsões e alertas são produzidas a partir da combinação de dados climáticos associados a variáveis sociais e ambientais, processados em modelos matemáticos.
Para as previsões geradas para as 12 cidades onde serão realizados os jogos da Copa, foram utilizadas informações sobre a situação da dengue observada no Brasil no mês de março deste ano e também previsões climáticas sazonais de precipitação e temperatura para o período de março a maio do projeto Eurobrisa, liderado pelo CPTEC. Além das cidades já mencionadas com maior risco de ocorrência da doença, o sistema aponta um risco médio (de 100 a 300 casos para 100 mil habitantes) para Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, e risco baixo (menor do que 100 casos para 100 mil habitantes) para Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo.
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Texto: Ascom do Inpe