De Negri ressaltou a necessidade de os países da América Latina se unirem desenvolver a CT&I no continente. Foto: Giba/Ascom do MCTI
Agências de fomento, organizações internacionais e pastas do governo federal conheceram nesta terça-feira (13) projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) nas áreas de eficiência energética, descarte de equipamentos eletrônicos, impressão tridimensional, tecnologia assistiva e segurança alimentar.
“O Brasil tem desenvolvido nos últimos anos uma estreita cooperação com todos os países latino-americanos e ainda tem muito a colaborar e aprender”, disse o secretário executivo do MCTI, João Alberto De Negri. “Precisamos encontrar formas de fazer nossa região desenvolver ciência, tecnologia e inovação para gerar ganhos de produtividade, mas, fundamentalmente, para que cheguemos a um processo de inclusão social mais abrangente.”
De Negri explicou que o encontro no MCTI deu continuidade a discussões de alto nível realizadas em junho de 2013, no Rio de Janeiro. Também nesta terça, o secretário executivo e o ministro Clelio Campolina Diniz estiveram com o diretor da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da Cepal, Mario Cimoli, para acertar detalhes acerca da próxima Reunião de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação da comissão, de 9 a 10 de junho, em Santiago.
“Elegemos como tema fundamental a inovação voltada à inclusão social”, adiantou Cimoli sobre as atuais prioridades da Cepal. “Não se trata de um tema que se faz por caridade ou por moral e ética, somente, mas algo que se faz para erguer a produtividade regional. Nós estamos absolutamente convencidos de que um dos grandes problemas da América Latina é o seu crescimento, a sua produtividade, e isso acontece no México, no Brasil e nos outros países.”
Cooperação
O diretor da Cepal agradeceu ao Brasil por ter dado o “pontapé inicial” no processo de articulação das políticas tecnológicas de inovação da América Latina. “Isso demonstra, acima de tudo, um espírito de integração regional.”
Para o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do MCTI, Oswaldo Duarte Filho, a reunião serviu para apresentar “uma fotografia de projetos em andamento e de propostas que nós pensamos para a América Latina”. As iniciativas da Cepal são coordenadas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e operacionalizadas pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), com duração de três anos.
“Ciência e tecnologia são, sem dúvida, instrumentos importantes para o desenvolvimento dos nossos países, mas também atuam a favor da inclusão social”, afirmou Oswaldo. “Esse espaço de cooperação com a Cepal e a Unasul possibilita discutirmos a aplicação da pesquisa na melhoria da qualidade de vida das nossas populações. O conhecimento permite a aproximação dos nossos povos e a melhoria da região como um todo.”
Projetos
A chefe da Divisão de Relações Institucionais do CTI, Fabiana Bonilha, apresentou um proposta trienal, de 2014 a 2017, preparada por Brasil, Chile e México, com objetivo de consolidar um sistema de tecnologia assistiva. “O público alvo que poderia se beneficiar do projeto seria de cerca de 70 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe”, argumentou. “A ação pode reduzir o custo e a necessidade de importação desses produtos, cuja qualificação também seria um forte indutor de inovação em diversos segmentos.”
Elaborado por Argentina, Brasil, México e Venezuela, o projeto Integração Latino-Americana em Manufatura Aditiva busca inserir os países no cenário mundial como desenvolvedores de soluções inovadoras a partir de impressão 3D. Segundo o coordenador da Divisão de Tecnologias Tridimensionais do CTI, Jorge Silva, a primeira aplicação proposta atenderia ao complexo industrial da saúde, com próteses customizadas para pacientes em crescimento.
O projeto Consolidação Tecnológica da Cadeia Reversa de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos visa cuidar do acúmulo de produtos descartados inadequada e precocemente. “O sistema de gestão proposto reduziria a poluição ambiental e os riscos à saúde humana, com reflexos sociais, pela inclusão de pessoas de menor escolaridade, e econômicos, com a reciclagem e a reutilização dos materiais”, explicou o pesquisador José Rocha, da Divisão de Qualificação e Análise de Produtos Eletrônicos do CTI.
A quarta iniciativa em parceria com a Cepal envolve Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai, com o título Criação de um Espaço de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e a Iniciativas Regionais em Telemedicina. De acordo com o especialista em políticas de ciência e tecnologia da Divisão de Produção e Produtividade da Cepal, Mario Castillo, a primeira aplicação do sistema de telemonitoramento seria baseada em telefones celulares.
Unasul
Já em andamento, o programa Inovação Tecnológica para Segurança Alimentar e Nutricional tem objetivo de implementar e fortalecer uma rede científica de instituições que se dediquem a garantir o acesso aos nutrientes necessários para a sobrevivência de populações em situação de risco.
A diretora do Departamento de Ações Regionais para Inclusão Social do MCTI, Sônia da Costa, lembrou que a iniciativa recebeu R$ 2,2 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e lançou edital pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), com projetos articulados com América Latina e África.
O pesquisador Luís Fernando Figueira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), apresentou o Programa em Energia sobre Combustão, da Unasul, e o analista Marcos Formiga, da Assessoria de Assuntos Internacionais do MCTI (Assin), expôs os programas Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia (Prosul) e de Cooperação Temática em Matéria de Ciência e Tecnologia (Proáfrica).
Também participaram da reunião o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Nobre, e os diretores do CTI, Victor Mammana, e do CGEE, Gerson Gomes, além de representantes das organizações das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) e para Alimentação e Agricultura (FAO), da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), da Embaixada da Finlândia e dos ministérios das Relações Exteriores e do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI