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Brics trocam ideias em mudanças climáticas e prevenção de desastres
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Nobre comentou os novos arranjos no intercâmbio científico. Foto: Giba/Ascom do MCTI
07/05/2014 - 16:56
Pesquisadores brasileiros, russos, indianos, chineses e sul-africanos estão reunidos, nesta quarta (7) e na quinta-feira (8), em Brasília, para trocar experiências em workshop colaborativo dos Brics sobre mudanças climáticas e prevenção e mitigação de desastres naturais. A oficina antecede a sexta conferência de cúpula do bloco, em 15 e 16 de julho, quando os chefes de Estado das cinco potências emergentes da economia global se encontram em Fortaleza. 

“Certamente, podemos aprender bastante com esse intercâmbio, uma vez que vivemos diferentes estados de gestão de risco de desastres naturais, embora, por outro lado, isso seja uma parte importante de todas as nossas histórias”, disse o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, na abertura do workshop. “Espero que possamos trocar informações e sair desse workshop com ideias claras sobre como colaborar mais cientificamente.”

Segundo Nobre, a geração de pesquisadores da qual ele faz parte se formou em um ambiente em que tudo passava por Estados Unidos e Europa. “Nós, de países em desenvolvimento, sempre olhávamos para o Norte em busca de intercâmbio científico”, lembrou. “Mas o mundo não é composto apenas por um hemisfério, e as nações do Brics mostram claramente outros arranjos, que são essenciais para o desenvolvimento sustentável do planeta como um todo.”

O secretário ressaltou que as mudanças climáticas estão se tornando um elemento cada vez mais relevante para o aumento da frequência de catástrofes como deslizamentos de terra, enchentes, furacões, incêndios e erupções vulcânicas. “Nós sabemos que desastres não escolhem determinados países por sua renda”, observou. “Então, a sociedade realmente tem que se preparar, quer dizer, devemos criar estruturas de resiliência a esses eventos.”

Experiências

Para o pesquisador George Gogoberidze, da Universidade Estatal Hidrometeorológica da Rússia (RSHU, na sigla em inglês), desastres naturais e mudanças climáticas necessitam ser encarados como desafios comuns, já que não se restringem a regiões específicas. “Com base no que discutirmos aqui, o bloco precisa elaborar uma nova visão global do problema”, propôs. “Acredito que essa oficina é um passo no desenvolvimento da nossa união como grupo.”

Na opinião de Gogoberidze, apesar do papel significativo dos Brics nas arenas geopolíticas internacionais, o workshop deve priorizar seu caráter técnico. “Trata-se de uma reunião de cientistas e educadores”, destacou. “Mas também tenho a certeza de que precisamos deixar claros os nossos pontos de vista. As populações dos nossos países concentram, juntas, a metade do mundo.”

O pesquisador T. Srinivas Kumar, do Sistema Indiano de Alertas Precoces de Tsunamis (Itews, na sigla em inglês), citou o quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “Os níveis oceânicos sobem, as calotas polares diminuem, a concentração de gases de efeito estufa aumenta, e não há dúvidas de que diversas atividades antropogênicas são causas desses fenômenos”, comentou. “O clima também tem sido relacionado a desastres naturais, que, desde 1970, vêm se tornando mais intensos e frequentes.”

Kumar relacionou a migração populacional rumo ao litoral de países em desenvolvimento com a maior exposição a catástrofes geofísicas e hidrométricas. “Um exemplo foi o tsunami [de 2004], uma surpresa que nos compeliu a agir”, lembrou. “E como resposta àquele desastre, criamos um bom sistema na Índia, que hoje ajuda não só o nosso país, mas, na verdade, é um servidor de informações de resposta precoce para toda a região.”

De acordo com o representante da África do Sul, Humbulani Mudau, gestor no Departamento de Ciência e Tecnologia (DST), mudanças climáticas e desastres naturais estão inclusos no último Plano Decenal de Inovação do país. “Melhores bases científicas e tecnológicas são vetores-chave para a mudança de que necessitamos”, apontou. “Queremos responder alguns dos desafios que enfrentamos enquanto países em desenvolvimento.”

Cúpula

Os debates do workshop subsidiam a 6ª Cúpula dos Brics, em Fortaleza, e dão continuidade ao seminário Sistemas de Inovação e Desenvolvimento, realizado em março, também na capital federal. Os dois eventos desdobram resultados da Declaração de Cape Town, aprovada no Primeiro Encontro de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação dos Brics, em fevereiro, na Cidade do Cabo.

Na ocasião, o Brasil definiu como área temática prioritária alterações climáticas e mitigação de desastres naturais. “Sabemos que, entre todos os setores sobre os quais podemos discutir, esse é o que afeta mais diretamente bilhões de pessoas”, esclareceu o chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (DCT/MRE), Ademar Seabra. Os outros países escolheram recursos hídricos e tratamento da poluição; tecnologia geoespacial; energias alternativas e renováveis; e astronomia.

“Se vamos fortalecer os vínculos econômicos e políticos entre nossos países, precisamos aprofundar nossas experiências e compartilhar nossas dificuldades, de forma que nós possamos, juntos, desenvolver nossas sociedades e, ao mesmo tempo, formatar um novo futuro para as nossas cidades e para o mundo como um todo”, declarou Seabra. “Acredito que, nesse contexto, a discussão científica e tecnológica desempenhe um papel crucial.”

O representante do MRE informou que o seminário de março gerou um programa de trabalho para intercâmbio de práticas ligadas a empreendedorismo e parques tecnológicos. Em dois dias de encontro, representantes dos cinco países discutiram possibilidades para inovação em compras públicas, desenvolvimento sustentável, inclusão social e sistemas de saúde.

 

Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI

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Mudau defendeu o aprimoramento científico diante dos desastres naturais. Foto:
Mudau defendeu o aprimoramento científico diante dos desastres naturais. Foto:
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