A professora Kerstin Sahlin, do Conselho de Pesquisa da Suécia. Foto: Giba/Ascom do MCTI
Novas frentes de diálogo e colaboração devem sair do Workshop Bilateral Brasil-Suécia sobre os Desafios das Mudanças Climáticas – Adaptação e Iniciativas Estratégicas, promovido por três dias, até quarta-feira (9), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) em parceria com o Conselho de Pesquisa da Suécia (VR, na sigla original).
Observador do encontro, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, ressaltou durante a cerimônia de abertura, nesta segunda-feira (7), o caráter singular da parceria: “Chamou minha atenção, inicialmente, a oportunidade de colocar em contato cientistas suecos e brasileiros que trabalham em mudanças climáticas, uma visão de grandes contrastes”.
Nobre comentou diferenças ambientais entre as duas nações. “Nas altas latitudes, especialmente no Ártico, existe certamente uma preocupação muito grande dos países escandinavos, em paralelo aos ecossistemas tropicais, também, de certo modo, ameaçados em médio e longo prazo pelas mudanças ambientais globais”, comparou. “Olhar a questão por esse ângulo dos contrastes vai permitir um avanço muito grande do planejamento de pesquisas conjuntas. Nós sempre aprendemos muito comparando coisas extremas.”
Para o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, as experiências internacionais das duas agências governamentais facilitam a criação de laços transversais entre grupos científicos brasileiros e suecos. “Seguramente, sairemos daqui com uma proposta completa de montagem de um programa para aprofundar as pesquisas e a formação de recursos humanos nesse importante tema, que nos afeta a todos hoje, as mudanças climáticas.”
Representante do VR, a professora Kerstin Sahlin destacou o objetivo fundamental do evento – “pensar como podemos estabelecer um caminho para futuras colaborações” – e adiantou que os debates precisam buscar projetos de pesquisa conjunta com potencial de serem desenvolvidos. “Eu espero que possamos ter uma discussão aberta, informal e bastante construtiva”, disse.
Desafios climáticos
O diretor de Programas e Bolsas no País da Capes, Marcio de Castro, informou que o workshop deve gerar um edital de financiamento de pesquisa e colaboração binacional. “O tema proposto é mais do que atual, envolvendo mudanças climáticas e o impacto nas diferentes áreas do conhecimento”, afirmou. “E o que torna mais ainda oportuna a discussão é o relatório recente do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.”
Ministra da Embaixada da Suécia em Brasília, a conselheira Pernilla Josefsson Lazo classificou os desafios das mudanças no clima como “um dos mais importantes tópicos dos nossos tempos”. Ela recordou que um acordo entre os ministérios da Educação possibilitou a aproximação do VR com a Capes, por meio do programa Ciência sem Fronteiras, que, até o momento, ao todo, concedeu 172 bolsas para brasileiros estudarem no país nórdico.
O secretário do MCTI apresentou a liderança da pasta no financiamento de trabalhos nacionais na área, como a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) – aperfeiçoada recentemente – e investimentos em tecnologias, a exemplo de sistemas de observação da Terra, incluindo sua capacidade de modelagem, e infraestrutura de supercomputação.
“Finalmente, o Brasil chegou a esse ponto importante, que é o fato de desenvolvermos uma capacidade autônoma de gerar cenários climáticos globais”, apontou Nobre. “Hoje, somos um dos poucos países do mundo que têm seus próprios grupos de modelagem e que geram cenários que podem vir a acontecer no nosso planeta na escala de décadas ou séculos.”
Na opinião do secretário, apesar dos avanços recentes na redução de emissões de gases de efeito estufa, o Brasil tem muito trabalho pela frente em adaptação a mudanças climáticas. Segundo ele, já existem iniciativas nos setores de agricultura e desastres naturais, mas o país também precisa desenvolver conhecimento avançado e implementar políticas públicas que contemplem água, biodiversidade e zonas costeiras, por exemplo.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI