Esther Bermeguy, do Ministério do Planejamento, coordenou o painel. Foto: Giba/Ascom do MCTI
Ao fim de mais um painel do Seminário sobre Sistemas de Inovação e Desenvolvimento dos Brics, debatedores concordaram que só é possível promover a inovação inclusiva nos países identificando as especificidades de cada região. O debate aconteceu nesta quarta-feira (26), na Universidade de Brasília, e reuniu governo federal e especialistas dos cinco países que compõem o bloco – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Para a secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, Esther Bermeguy, coordenadora do painel, deixar de observar a diversidade regional de cada país contribuirá somente para ampliar as desigualdades. “Falar de inovação inclusiva sem observar a dimensão continental dos países, com a diversidade cultural e social, é falar de inovação que favorecerá, apenas, as regiões mais desenvolvidas, onde a acumulação de capital é maior. É ir em contramão ao que queremos”, afirmou.
Esther disse ainda que o governo federal atua no sentido de fomentar o desenvolvimento local e regional. “Nós temos experiência no Brasil nesse tipo de política, mas por conta do tamanho do nosso país, temos ainda dificuldades em implementá-las.”
Lakhwinder Singh, da Índia, afirmou que ao redor do mundo os números mostram que a “desigualdade está crescendo cada vez mais, ao contrário do que acontece no Brasil”. De acordo com ele, a Índia, em alinhamento aos países do Brics, busca estratégias para alcançar resultados equivalentes ao governo brasileiro. “Queremos reduzir as diferenças regionais”, disse.
Estratégia
Uma das estratégias do governo indiano é garantir mais recursos a estados menos desenvolvidos, na tentativa de ampliar os investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I), para o desenvolvimento local. “O governo federal está mais envolvido em CT&I, mas os estados ainda não acompanham esse ritmo”, afirmou.
De acordo com ele, houve aumento dos investimentos no setor industrial, mas não em ciência e tecnologia, por parte dos estados. A ascensão do número de bilionários no país é considerada a mais rápida do planeta. “Em 1992, tínhamos dois bilionários na Índia e em 2011 saltou para 48”, destacou.
Lindile Ndabeni, da África do Sul, ressaltou que a inovação inclusiva precisa refletir os “interesses e necessidades de cada região”. Ele acrescentou que é necessário reforçar as políticas federais com foco no “local”, reconhecendo as desigualdades e a pobreza de cada região. “Um dos desafios dos Brics é fazer que as economias se tornem inclusivas”, disse. Para isso, ele afirmou que é preciso “reconhecer as necessidades dos pobres e trabalhar para todos, através de uma agenda coordenada que coloque a diversidade regional e inovação inclusiva a frente dos nossos esforços”.
Na mesma linha, o chinês Jianghua Zhou avaliou que as “fontes locais de conhecimento” devem ser observadas pelos países. “A difusão da inovação é feita apoiando os atores locais”, disse. “E a política inclusiva e inovadora leva ao crescimento econômico sem aumentar a exclusão social”, completou.
Inclusão
Para o professor Sérgio Castro, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), a pobreza está relacionada ao desenvolvimento regional. Ele elencou os esforços do governo brasileiro que vêm minimizando os impactos da miséria no país ao promover a inclusão social. “Políticas como o Bolsa Família e o Plano Brasil Sem Miséria contribuem para o redução das desigualdades no país”, disse.
Entretanto, ele observou que a CT&I ainda está muito concentrada em algumas regiões. “As iniciativas estão mais localizadas no Sudeste e no Sul do país e a inovação tem que chegar a todos os brasileiros”.
O russo Stanislav Zaichenko ressaltou que em seu país o governo federal fornece um banco de dados para monitorar e aperfeiçoar as políticas de inovação. “Fornecemos uma análise multidimensional da inovação e apresentamos resultados em períodos regulares para avaliação e reformulação das políticas implementadas, para observar o desenvolvimento regional de inovação inclusiva e saber onde estamos chegando”, explicou.
Saiba mais sobre o evento.
Texto: Raphael Rocha – Ascom do MCTI