As cobras são animais que há séculos povoam a imaginação das pessoas como criaturas sagradas ou com a imagem de perigosas, assassinas e muitas vezes relacionadas com algum tipo de mal. Para tentar mudar essa imagem de medo que as pessoas têm desses répteis, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI), por meio do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), lançou o Guia de Cobras da Região de Manaus – Amazônia Central para ajudar a população a conhecer as espécies de cobras como jiboias (Boa constrictor), jararacas (Bothrops atrox) e sucuris (Eunectes murinus).
O guia traz informações sobre 65 espécies de serpentes e por enquanto está disponível apenas na internet, podendo ser baixado gratuitamente. A versão impressa do livro tem lançamento previsto para este semestre. “A nossa proposta é que o guia sirva para as pessoas identificarem as cobras peçonhentas, conhecerem os hábitos, o modo de vida e a beleza desses animais”, diz um dos autores da publicação, o biólogo Rafael de Fraga, doutorando em ecologia do Inpa.
A publicação é bilíngue (português e inglês) e levou sete anos para ser finalizada. O volume, ilustrado, usa diversas fotos das cobras e texto em linguagem didática. Os autores evitaram jargões científicos a fim de alcançar um público variado como estudantes, turistas, curiosos em geral, pesquisadores, ambientalistas e professores.
Há tabelas com informações biológicas de cada espécie e chaves de identificação que permitem reconhecer a espécie por observação. Também são autores os pesquisadores do Inpa William Magnusson e Albertina Lima, e a pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI) Ana Lúcia da Costa Prudente.
Espécies
Em Manaus, algumas espécies são frequentemente encontradas em ambientes urbanos, como jiboias, facilmente reconhecidas pelas manchas vermelhas arredondadas na cauda. Outras, a exemplo da inofensiva cobra-flamenguista (o nome vem das bandas pretas e vermelhas), vivem em galerias subterrâneas. Essas galerias alagam com frequência no período das chuvas, forçando as cobras a se deslocarem por sobre o solo. Por isso essas cobras são com frequência avistadas na capital amazonense, especialmente no período das chuvas.
Em ambientes florestais, a cobra encontrada com mais frequência é a jararaca (Bothrops atrox), reconhecida pela presença de fossetas loreais (cavidades entre os olhos e as narinas), cabeça triangular e escamas quilhadas. “Essa espécie é responsável pela maioria dos acidentes ofídicos na região, devido à densidade de indivíduos consideravelmente mais alta em comparação a outras espécies peçonhentas”, explica Rafael de Fraga.
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Texto: Camila Leonel – Ascom do Inpa (atualizada em 21/3/2014)