Uma bolsista de doutorado pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF) iniciou um estudo para desenvolver cintiladores de maneira mais ecológica. Verônica de Carvalho é aluna do curso de ciência de materiais e engenharia na Universidade Federal de Sergipe e desenvolve o estudo no Centro de Pesquisa Canadian Light Source (CLS), no Canadá, na área de nanomateriais.
A pesquisa, que teve início em dezembro de 2013, é sobre um tipo de emissores de luz do corpo, "os nanoscintillators". Estes nanomateriais conseguem absorver energia quando expostos a uma fonte de radiação e, em seguida, brevemente reemitem essa energia por meio de uma luz visível. Isso, segundo a bolsista, os torna ideais para a detecção de radiação para ajudar a garantir a saúde e a segurança humana.
Os cintiladores são atualmente utilizados em equipamentos de imagens médicas, tais como scanners PET e câmeras de raios gama, utilizados para diagnosticar câncer e outras doenças. Outras aplicações incluem novos instrumentos científicos para a detecção de radiação e scanners de segurança de raios- X para verificação de bagagem.
No entanto, eles possuem um custo mais elevado para produzir e muitas vezes são feitos a partir de substâncias químicas tóxicas que contêm metais pesados. Verônica de Carvalho resolveu investir em uma maneira menos agressiva e mais avançada para o desenvolvimento destes materiais. O método criado por ela é ecológico e de baixo custo.
“Eu desenvolvi um processo híbrido modificando os métodos atuais utilizados para sintetizar cintiladores", explica a estudante. No laboratório do Brasil, a bolsista misturou sílica com os produtos químicos não tóxicos, tais como sais metálicos e água de coco, por exemplo, abundante no Brasil.
O líquido age como um solvente natural para dissolver os sais. Uma vez aquecida, a mistura transforma-se em um pó cerâmico luminescente, que provou ser um detector de radiação de alta eficácia.
Para estudar as propriedades físicas desses novos nano-materiais e como eles emitem luz, Verônica chegou à CLS na Universidade de Saskatchewan, no Canadá. O CLS é a casa da única linha de luz na América do Norte com a faixa de energia exata necessária para este tipo de experimento.
Embora a pesquisa ainda seja experimental a técnica pode ter muitas aplicações biomédicas. "O método pode reduzir os custos na produção de cintiladores", afirma Mário Valério, supervisor dos estudos no Brasil.
Oportunidade
Verônica conta que quando entrou para o CsF com uma bolsa de estudos para um projeto de pesquisa de três meses na fonte luminosa canadense (CLS) denominada “síncrotron”, ela começou a realizar o sonho de criança de se tornar cientista.
"É uma grande oportunidade para os jovens pesquisadores. Na CLS aprendi novas técnicas que vou usar no meu projeto de pós-doutorado e na minha futura vida profissional. O CsF permite que o Brasil avance na ciência e tecnologia preparando grandes pesquisadores para o amanhã com experiência internacional”, ressalta a bolsista.
Texto: Ascom do CNPq, com informações da Universidade de Saskatchewan