Luiz Antonio Elias (esq.) e o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, em reunião no MCTI. Foto: Giba/Ascom do MCTI
O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, apresentou nesta quarta-feira (15) a gestores ligados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) o sistema de inteligência estratégica da instituição, conhecido como Agropensa. A plataforma destina-se a produzir e difundir conhecimento em apoio à formulação de estratégias de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para a agropecuária brasileira.
Ainda em construção, segundo Lopes, a iniciativa surge em um período de transformações rápidas e profundas pelo mundo. “A Embrapa completou, no ano passado, 40 anos de uma trajetória significativa para o sistema de inovação agropecuária brasileiro”, lembrou. “Em abril de 2013, mês do aniversário, tomamos a importante decisão de lançar o que chamamos de plataforma Agropensa”.
De acordo com o presidente da Embrapa, a inspiração veio da Coreia do Sul, onde Lopes viveu de 2009 a 2011, a serviço da empresa pública brasileira, e conheceu o Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia (Kaist, na sigla em inglês). “É um país que compreende que passamos por um momento de mudanças e rupturas muito intensas”.
Para ilustrar a necessidade de se prever tendências, Lopes mencionou a possibilidade futura de se produzir carne e couro in vitro. “Isso teria implicações significativas para o sistema de produção de proteína animal, inclusive para nós, brasileiros, que temos uma pecuária pujante e competitiva”, avaliou. “São rupturas que temos, primeiro, que tentar antevê-las e, depois, trabalhá-las, no sentido de fazermos ajustes nas agendas de prioridade, no processo de tomada de decisão, para responder de forma tempestiva e inteligente às mudanças”.
Pioneirismo
A experiência iniciada pela Embrapa, diz Lopes, é uma iniciativa pouco frequente no país: “Infelizmente, quando vemos a quantidade de instituições, de ambientes para pensar o futuro, para fortalecer grupos de análise, reflexão e formulação, percebemos que o Brasil é extremamente rarefeito nessas capacidades e competências de antevisão e antecipação”.
Na opinião dele, o país precisa “levar a sério” essa carência, principalmente no que diz respeito a seu sistema de inovação. “É óbvio que esse quadro tem uma implicação muito forte para a agropecuária brasileira”, ressaltou. “Esse mundo em mudança nos mostra que não há mais como separar os conceitos de crescimento e sustentabilidade. O sistema de inovação para a agricultura tem que entender que crescimento e sustentabilidade não são conceitos antagônicos, mas podem ser trabalhados em grande sintonia”.
Lopes diz enxergar uma nova agricultura, com avanço de tecnologias em diversas frentes. “Nós podemos antecipar, em um futuro não tão distante, a possibilidade de destilarmos de biomassa praticamente tudo que se destila do petróleo. Isso vai criar uma nova oportunidade, em confluência com a indústria da química verde”.
Agenda
O ministro interino da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Antonio Elias, informou que a apresentação do presidente da Embrapa marca o início a uma série de debates organizados pelo MCTI às quartas-feiras. “A perspectiva é que possamos reunir, semanalmente, as principais instituições que tratam dos temas relacionados ao que fazemos aqui no ministério”, revelou. “Isso nos dará uma posição sobre o que se está pensando para o futuro, a partir do que já foi construído”.
Em paralelo aos encontros regulares, o ministério deve constituir um conselho consultivo integrado pelos principais nomes de áreas estratégicas do governo federal. “A ideia é que a gente possa, com essas entrevistas, formatar um documento, entre março e abril, para apresentar o resultado de todo o trabalho e a consolidação dessas proposições na reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia [CCT], com a presidenta da República”, adiantou Elias.
Nas próximas semanas, em data a ser definida, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta e debate a Pesquisa de Inovação (Pintec), cuja quinta edição, referente a 2009, 2010 e 2011, saiu em dezembro do ano passado.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI (atualizada em 16/01/2014)