Interessados em robótica e em energias renováveis, os estudantes de engenharia mecânica Carlos Erlan Olival Lima e Alan Henrique Vasconcelos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (Ifpi), vivem em Tianjin, na China. Bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), eles fazem parte de um grupo de 243 brasileiros que optaram por universidades do país asiático.
Até setembro de 2014, Carlos e Alan, que estudam o mandarim, dialeto padrão em Pequim, continuarão a morar em Tianjin, uma das cinco maiores cidades da China, a cerca de 120 quilômetros de Pequim.
Na universidade, eles fazem estágio linguístico, pré-requisito para a graduação-sanduíche. Vencido o período de aprendizado do mandarim, ambos seguirão para Pequim, onde irão estudar em instituições diferentes. Carlos irá para o Instituto de Tecnologia; Alan, para a Universidade de Ciências e Tecnologia. O gosto pelo desafio, a disposição de conhecer outras tecnologias, povos e culturas e a amizade ligam os jovens estudantes.
O que parecia uma aventura hoje é realidade. E pelos próximos nove meses, o mandarim ocupará o dia de Carlos Erlan. “O mandarim tem cinco tons. Se um tom não for pronunciado corretamente, o chinês não conseguirá entender”, diz. Ele cita ainda a dificuldade com os caracteres, totalmente diferentes da forma de pronúncia. Assim, a necessidade de revisão dos estudos é constante. “Para conseguir ler um texto em chinês, precisamos ter aprendido pelo menos mil caracteres”, diz o estudante, que está no curso há três meses.
Sobre a forma de se comunicar no cotidiano, Carlos Erlan se socorre com o inglês, falado pela maioria dos alunos chineses na Universidade de Tianjin. Uma opção é a mímica. “Chineses com mais de 30 anos não falam nada de inglês, daí o recurso”, observa.
Em 2014, quando iniciar a graduação-sanduíche, o estudante vai cursar engenharia mecatrônica, área na qual conseguiu a vaga em razão de trabalhos realizados durante a graduação no IFPI. “Espero obter conhecimentos na área de robótica que ajudem no desenvolvimento de projetos para melhorar a vida das pessoas”, diz. “Esse deve ser o verdadeiro dever do engenheiro: desenvolver tecnologias que tornem o mundo um lugar melhor para se viver.”
Mergulhado no cotidiano chinês, Alan Henrique Vasconcelos, 26 anos, natural de Coroatá, município de 62,1 mil habitantes no leste do Maranhão, constatou que não é invisível. “Os chineses sempre vêm pedir para tirar uma foto, perguntar de onde somos. É gratificante estar aqui”, garante. Para Alan, a China é um lugar especial não apenas pela história, mas pela culinária exótica, a cultura, a arquitetura e, claro, o cidadão, que é tímido, mas acolhedor.
Na fase de adaptação, o estudante diz ter estranhado a culinária, muito diferente da brasileira. Ele também teve problemas de comunicação, pelo desconhecimento do idioma. Hoje, essas dificuldades estão superadas. “Sinto muita saudade, de tudo mesmo, principalmente da família, mas pretendo ficar até o fim”, afirma. “Tenho certeza de que isso vai favorecer nossas vidas lá na frente.”
Programa
Em execução desde 2011, o programa Ciência sem Fronteiras concedeu até agora 60 mil bolsas de estudos a brasileiros em instituições de educação superior de aproximadamente 40 países. Desse conjunto de bolsas, 48 mil atendem estudantes com a graduação-sanduíche — o universitário cursa matérias de sua área no período de 12 meses e retorna ao Brasil para concluir o curso.
Para participar do programa, o estudante deve ter nota mínima de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conhecimento da língua do país de destino e comprovar bom desempenho na graduação. O bolsista tem garantidos todos os custos da viagem, o pagamento das mensalidades da universidade no exterior, alojamento, alimentação e curso para melhorar o domínio do idioma do país.
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Texto: Ascom do CsF