Foram 13 meses de trabalho em campo vivenciando o cotidiano de 22 pescadoras em Santa Catarina. Desse projeto de pesquisa surgiu a tese de doutorado “Mulheres e o mar”, que comprova a participação direta delas nas atividades da pesca artesanal embarcada no Brasil.
A pesquisa realizada por Rose Mary Gerber no âmbito de sua formação acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a orientação da professora Sônia Maluf, também faz parte dos projetos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural (INCT IBP), integrante do programa INCT, coordenado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).
Em seu projeto, Rose incluiu categorias como corpos e corporalidade, reconhecimento, invisibilidade e (a)sujeitamentos. A primeira é referente à exigência central para ser e permanecer pescadora. Ter corpo para a pesca significa lidar com um trabalho extremamente exigente que envolve habilidade e força, mas, também com as próprias limitações, como o controle do enjoo e da bexiga e horas seguidas de exposição ao sol, o frio ou à umidade. Já corporalidade se refere ao quanto o corpo vai se moldando à medida que o tempo passa. Assim como outras profissões, a pesca influencia o jeito de ser, sentar, andar, vestir e conviver com o mundo.
"Minha tese ‘Mulheres e o mar’ é uma etnografia sobre pescadoras embarcadas na pesca artesanal no litoral de Santa Catarina. O objetivo central foi descobrir se existiam mulheres nessa atividade", lembrou. "O trabalho acabou por evidenciar o que considero ser um dos principais desafios dessas pescadoras: serem reconhecidas como profissionais da pesca.”
Pela legislação vigente no país, para conseguir a aposentaria com a denominação “pescadora”, a mulher deve estar inserida no chamado grupo familiar. "Mas não porque aí estando é vista como uma pescadora daquela família. É aposentada como pescadora quando prova que é filha ou esposa de pescador", descreve Rose. Caso queira requerer o benefício, mas não esteja inserida no formato de grupo reconhecido, ela precisa constituir provas para tentar obter o direito no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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Texto: Ascom do CNPq