Pessoas que sobreviveram a graves acidentes muitas vezes carregam marcas da tragédia, como a ausência de uma parte do osso da cabeça. Há doenças que deixam sequelas semelhantes. Do ponto de vista médico, a deformidade no crânio deixa-os mais vulneráveis, com o cérebro menos protegido.
Dez pacientes de casos assim, que aguardam próteses, terão o problema resolvido até o fim deste ano. A previsão é dos pesquisadores que trabalham em um projeto único de fabricação desse tipo de peças de titânio para humanos no país, no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Biofabricação (Biofabris), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quatro deles já estão prontos para a cirurgia, que será realizada no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP). O grupo foi selecionado para a etapa de estudos clínicos do projeto, o último estágio da pesquisa e um dos mais importantes por envolver a aplicação e avaliação das próteses em seres humanos. Todos passaram anteriormente por uma ou duas cirurgias de reparação, mas sem sucesso, por diversos complicadores típicos desse tipo de situação.
O conceito de “biofabricação” consiste em usar técnicas de engenharia e biomateriais para a construção de estruturas tridimensionais, fabricação e confecção de substitutos biológicos que atuarão no tratamento, restauração e estruturação de órgãos e tecidos humanos. O laboratório reúne pesquisadores da Unicamp e de outras universidades e institutos de pesquisa do país, de diferentes áreas, que trabalham de forma integrada e multidisciplinar nos vários projetos, incluindo o das próteses.
O processo de fabricação começa com a realização de exames em um tomógrafo, capaz de construir, de forma não invasiva, em imagens, a área do crânio a ser reparada, por meio de milhares de fatias captadas a cada milímetro “fotografado”. Essas informações são inseridas no programa de computador InVesalius, desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), parceiro do Biofabris, que ajuda a reconstruir em 3D o crânio do paciente praticamente uma escultura digital.
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Texto: Ascom do MCTI, com informações da Unicamp