Além de preparar os 550 alunos para a primeira fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), com a aplicação de exercícios diferenciados em sala de aula, a da Escola Estadual Terezinha Pereira adotou atividades extracurriculares para os selecionados à segunda etapa da competição.
Única instituição em Dores do Turvo (MG) a oferecer ensino fundamental e médio, nos últimos sete anos, a escola conquistou 133 premiações e 34 medalhas na olimpíada. Um dos responsáveis pelo sucesso dos alunos é o professor Geraldo Amintas.
“A gente faz todo esse trabalho visando ao que eles conseguirão atingir no final da jornada. O objetivo é que esse estudante se torne um cidadão, e que os conhecimentos adquiridos na escola possam ser usados para uma vida útil à comunidade”.
Ele conta que não usa nenhum “método revolucionário”. Nas aulas expositivas, procura aplicar um número significativo de atividades. “Acredito que treino, repetição e concentração, além de criatividade, são fatores que colaboram para uma boa aprendizagem”.
A aplicação do conhecimento à realidade é outro recurso usado pelo professor. Uma aula de porcentagem, por exemplo, se transforma em um ensinamento sobre o uso de cartão de crédito, juros e endividamento.
Nos estudos sobre logarítimo, os alunos aprendem sobre sua aplicação na escala Richter (que mede a amplitude de um terremoto). Além dos exercícios, a regra de três ganha importância quando usada em receitas de cozinha. “Um dos motivos que dificultam o ensino de matemática é deixar que o conteúdo pareça algo inútil e inatingível”, diz Amintas.
Para o professor, o surgimento da Obmep foi uma “grande oportunidade” para estimular o gosto pela matemática e despertar nos jovens o desejo de seguir os estudos na área de ciências exatas.
“É óbvio que os alunos que já têm aptidão para a disciplina aproveitam mais intensamente o empenho da escola para a olimpíada”, observa. “Outros já não tinham tanto gosto, mas, ao ver o sucesso dos colegas, também se sentiram incentivados e acabaram melhorando o desempenho na matéria”.
Ele destaca ainda a qualidade do material didático enviado pela coordenação da olimpíada. "Um material extremamente rico e importante no processo de preparação".
Recompensa
O resultado desse esforço é palpável. Muitos premiados na Obmep já estão em universidades, em cursos disputados, como medicina e os da área de engenharia. Para Amintas, o desempenho é ainda mais gratificante por se tratar de uma cidade com apenas 4,6 mil habitantes. “É um privilégio lecionar para filhos, sobrinhos, filhos de amigos de infância, e saber que estamos contribuindo para a formação de pessoas tão próximas a nós”.
A mulher dele, Estael Moreira, trabalha como secretária na mesma escola. E conta que nem a paixão pelo futebol e o amor pelo Atlético Mineiro tiram a concentração do professor quando o assunto é lecionar. “A dedicação dele é total, não tira muita folga não”.
É isso que motiva também a única filha do casal, Maria Clara, que cursa o primeiro ano na escola onde o pai é professor. A jovem quer ser engenheira, e conseguiu três menções honrosas na Obmep. A boa classificação rendeu o convite para participar do programa de iniciação científica da olimpíada. “Ela batalha em cima dos livros e na hora da prova fica ansiosa para conseguir uma medalha”, diz Estael. “Uma hora ela vai conseguir”, reforça o orgulhoso pai.
Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI