Os desafios a superar na produção e no consumo de hortaliças foram debatidos na reunião do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (Geea) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) nesta quinta-feira (15). O grupo recebeu o professor Valdely Ferreira Kinupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), que falou sobre o tema “Agrobiodiversidade: plantas alimentícias não convencionais”.
Segundo Kinupp, a sociedade vive em um imperialismo gastronômico em que, no mínimo, 52% dos alimentos são provenientes de origem euroasiática. “O homem acabou lutando pela especialização alimentar em vez da diversificação, ou seja, hoje a gente come muita coisa de poucas espécies”, destacou.
O pesquisador aponta três principais motivos pela ausência de hortaliças na mesa dos brasileiros: a falta de informação, o tabu e a falta de produção. O primeiro, disse, leva o consumidor a desconsiderar espécies desconhecidas, geralmente tratadas como “mato”, quando, muitas vezes, têm grande potencial nutricional; o segundo consiste numa resistência por preconceito; e o terceiro é consequência dos dois outros.
“Essas plantas geralmente são chamadas de ‘daninhas’, ‘nocivas’ e vários outros nomes preconceituosos e pejorativos, que refletem um ponto de vista. Você come quase a mesma coisa o ano inteiro. Vai à feira, seja orgânica ou convencional, mas não ousa experimentar uma coisa diferente”, exemplificou o professor.
Kinupp citou experimentos feitos por ele substituindo ingredientes tradicionais por hortaliças e frutos como vitória-amazônica, que usou fazendo pipoca, além das flores, que são comestíveis; o caruru, rico em ferro e vitamina A, que poderia ser utilizado na pizza ou na fabricação de pão; e a orelha-de-macaco, conhecida como espinafre regional, que pode enriquecer o arroz e o feijão.
Leia mais.
Texto: Josiane Santos – Ascom do Inpa