Pesquisas recentes e iniciativas na área de primatologia serão apresentadas pelo Instituto Mamirauá durante o 2º Congresso Latino Americano e o 15º Congresso Brasileiro de Primatologia, que acontecem simultaneamente em Recife e reúnem mais de 80 especialistas da área, entre brasileiros e estrangeiros.
Hoje (6), o biólogo pesquisador do instituto Felipe Ennes apresenta o trabalho desenvolvido no Amazonas que constatou a ocorrência da espécie Marcai entre os primatas da região.
As pesquisas tiveram início em 2005, quando ele começou a angariar fundos para fazer expedições nos arredores do Rio Roosevelt (antigo Rio da Dúvida), onde o Marechal Cândido Rondon e o ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt teriam visualizado o bicho pela primeira vez em 1914.
“Desde então, esse sagui era uma das espécies menos conhecidas no mundo científico e ainda não havia sido observado em estado selvagem”, conta, acrescentando que foi justamente a falta de informações sobre o Marcai que despertou a sua atenção.
A palestra de Ennes – “Redescoberta do mico Marcai e os desafios para o conhecimento da diversidade de primatas no médio Aripuanã, Amazônia, Brasil” – acontece às 14h45, no Mar Hotel, localizado no bairro de Boa Viagem.
O pesquisador faz parte do grupo de pesquisa em ecologia de vertebrados terrestres do Instituto Mamirauá, que é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A descoberta
Ennes conseguiu fazer o primeiro registro fotográfico do animal no início de 2012, durante a expedição que realizou na companhia do veterinário Alexandre Bastos. No final do mesmo ano, ele começou a atuar no Instituto Mamirauá. Foi quando os estudos sobre o Marcai ganharam impulso.
“No começo deste ano, voltamos ao local e conseguimos fazer 18 visualizações do Marcai”, diz. “É como se tivéssemos montando um quebra-cabeça. Antes conhecíamos apenas as amostras de peles trazidas da viagem do Rondon e do Roosevelt. Agora sabemos que o bicho existe”.
A nova empreitada é delimitar a área de distribuição do animal, o que, segundo ele, é fundamental para a conservação da espécie. “É o básico para sabermos o grau de ameaça que ela sofre. Quanto menor a distribuição, pior”.
O pesquisador lembra que ainda há muito para se desvendar em termos de ecologia e de comportamento do Marcai. “Podemos dizer que ele é um primata de pequeno porte e que tem uma dieta generalista”.
MPEG
A espécie também vem sendo estudada pelo pesquisador José de Souza Silva Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTI). Ele axilia no trabalho de descrição, biogeografia e taxonomia da espécie (disciplina acadêmica que define os grupos de organismos biológicos).
Júnior é um dos palestrantes dos congressos. Hoje, às 9 horas, ele falará sobre o tema “Biogeografia dos primatas amazônicos” e apresentará as várias espécies de primatas que foram descobertas na região. Mais de 30 espécies novas foram descritas na Amazônia desde 1982, além de outras que ainda estão em fase de descrição.
Para mais informações sobre o encontro acesse: https://www.cbprimatologia.com.br/
Conheça os projetos do Instituto Mamirauá: https://www.mamiraua.org.br/pt-br/comunicacao/noticias/2013/7/31/instituto-mamiraua-participa-de-congresso-de-primatologia-em-recife-pe/
Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI