Medidas antropométricas são dados essenciais para projetar produtos adequados aos usuários. Responsável pela única base de medidas da população brasileira, realizada há 40 anos, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI) trabalha para atualizar esses dados da população adulta e infanto-juvenil, superando uma falta que tem levado ao projeto incorreto de produtos como roupas, móveis, carteiras escolares, meios de transporte, equipamentos e postos de trabalho.
Entre 2010 e 2012, o instituto realizou a primeira pesquisa antropométrica 3D da América Latina, identificando as medidas específicas dos trabalhadores da indústria do petróleo com auxílio de um scanner 3D a laser – único equipamento desse tipo na região latino-americana –, que coleta não só as medidas como o volume preciso do corpo humano.
Realizado em parceria com a Petrobras e com recursos do Fundo Setorial de Petróleo e Gás (CT-Petro), o trabalho permite inclusive a simulação da atividade humana em cenários virtuais, como em um videogame. Com esse recurso, foi possível analisar com precisão as condições de uso de equipamentos e ambientes de trabalho, gerando dados para identificar riscos, melhorar a produtividade e a segurança dos trabalhadores do setor.
“Agora o instituto pretende estender a antropometria 3D a toda a população brasileira, reeditando a antiga pesquisa com os novos recursos desenvolvidos”, explica a chefe do Laboratório de Ergonomia do INT, Maria Cristina Zamberlan.
“A competitividade em âmbito nacional e internacional só poderá ser alcançada fabricando-se produtos que levem em consideração as características dos usuários”, diz a doutora em engenharia de produção. “Por isso, nas sociedades tecnologicamente modernas, verifica-se a importância de pesquisas antropométricas como fonte de insumos técnicos para o correto dimensionamento de seus produtos. Países industrializados vêm, cada vez mais, buscando dados antropométricos confiáveis de suas populações.”
Nova base
O projeto de pesquisa antropométrica 3D da população brasileira tem como proposta levantar dados antropométricos dos brasileiros por meio de levantamentos 1D e 3D de amostra representativa da nossa população adulta. Esses dados serão a base para o correto dimensionamento dos produtos com os quais a nossa população interage cotidianamente, trazendo melhorias para a qualidade, conforto e segurança para o usuário.
Os dados gerados também possibilitarão o desenvolvimento de modelos humanos digitais 3D representativos da nossa população, com o objetivo de simular com precisão milimétrica situações de trabalho, avaliar a adequação de produtos, postos e ambientes de trabalho e propor soluções de projeto que os tornem adequados à população usuária. Em médio prazo, a repetição periódica do trabalho possibilita também monitorar a evolução do crescimento da população, identificando, por exemplo, regiões de baixa nutrição.
O trabalho do INT se integra ainda ao grupo World Engineering Anthropometry Resource (Wear), que visa criar uma base mundial de dados antropométricos. A organização, que tem o INT como seu representante na América Latina, agrega ainda Estados Unidos, África do Sul, Japão, França, Holanda, Taiwan, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Espanha.
Outro laboratório do instituto, o de Modelos Tridimensionais, transforma projetos em três dimensões em objetos com o uso de máquinas de prototipagem rápida.
Texto: Ascom do INT