A associação entre animais de espécies diferentes pode trazer benefícios como a diminuição do risco de predação e a melhoria na busca por alimentos. Um estudo conduzido pelos pesquisadores Rafael Rabelo e Fernanda Paim, do Instituto Mamirauá, analisou o compartilhamento de área de uso e recursos alimentares entre macaco-prego e duas espécies de macacos-de-cheiro. A conclusão é que o compartilhamento acontece entre macaco-prego e macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta, espécie endêmica da Reserva Mamirauá.
Foram instaladas nove estações na área de ocorrência do macaco-de-cheiro-comum e oito estações na área do macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta. Ambas as áreas também são de ocorrência do macaco-prego. “Diariamente, as estações foram iscadas com bananas para atrair os primatas, representando uma fonte constante de recursos na estação seca. Os eventos de visitas dos primatas nas estações foram utilizados para determinar a ocupação das espécies nas áreas ao longo do monitoramento”, explica o biólogo Rafael Rabelo.
Cada estação foi monitorada por 34 dias. Apesar de a proporção de estações ocupadas pelos primatas ter sido semelhante nas duas áreas amostradas, os primatas ocuparam mais tempo nas estações da área de macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta. Outro resultado encontrado foi que essa espécie compartilhou mais as estações com o macaco-prego que o macaco-de-cheiro-comum.
Os resultados do estudo apontam que a oferta constante de recursos em uma escala local, especialmente na estação de menor disponibilidade de frutos, parece contribuir para uma maior estabilidade nessas associações entre as espécies.
“Futuros estudos são necessários para investigar os diferentes padrões de associações encontrados e avaliar como mudanças nas condições ecológicas, geradas pelas alterações nos ciclos sazonais, podem afetar o tamanho da área de vida dos primatas e, consequentemente, a estabilidade e as consequências das associações”, afirma Rabelo.
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Texto: Ascom do Instituto Mamirauá