O analista José Henrique Dieguez fala sobre o Start-up Brasil. Foto: Daniela Nader/Ascom do MCTI
“O Start-up Brasil surgiu com a ideia de estimular os jovens empreendedores. Já tínhamos ações no país com esse foco, como as incubadoras de empresas, mas precisávamos de mais velocidade para a área de TI”, contou o analista José Henrique Dieguez, da Coordenação-Geral de Serviços e Programas de Computador da Secretaria de Política de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
“Na incubação o processo pode demorar de 12 a 24 meses ou mais. No Start-up, com as aceleradoras, é diferente: tudo acontece de forma bem mais rápida e tem que ser dessa forma porque alguém no mundo pode ter inventado a mesma coisa”, frisou. “As aceleradoras podem facilitar o acesso ao mercado e têm por trás um fundo de maior porte que dá garantia para que isso aconteça.”
O especialista do MCTI palestrou na 65ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, nesta sexta-feira (26), em Recife. Apresentou os objetivos do programa – que foi criado pelo MCTI como parte do Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (TI Maior) e esclareceu dúvidas do público que lotou o auditório arena na ExpoT&C.
Dieguez explicou que o objetivo do programa é fortalecer o ecossistema de start-ups no país para ampliar a competitividade nacional e estimular o desenvolvimento econômico. Para isso, nove aceleradoras (que são as investidoras) foram habilitadas e selecionadas para participar da iniciativa.
“As aceleradoras são entes privados, não recebem dinheiro, quem recebe é o empreendedor”, esclareceu o palestrante. “A parte de pesquisa, desenvolvimento e inovação é com o governo, mas o restante não tem sentido o governo pagar. As aceleradoras vão completar esse processo e devem se tornar sócias daquele empreendedor.”
Funcionamento
O apoio é destinado a empresas nacionais ou internacionais, com até três anos de constituição, que desenvolvam produtos ou serviços inovadores, utilizando ferramentas de software e serviços de TI. “A preocupação do programa é gerar emprego e renda. Os empreendedores recebem a bolsa e têm o dever de auxiliar esse processo no país. É uma mudança de paradigma em termos de gestão pública”, afirmou. A bolsa é concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).
O representante do MCTI apresentou as etapas do programa, que funciona com uma edição por ano. Segundo ele, inscreveram-se para a primeira etapa mais de 800 empresas, sendo cerca de 200 de fora do país. O ministério anunciará para a imprensa as 54 empresas selecionadas na segunda-feira (29).
“É preciso ficar atento”, alertou Dieguez. “Em dezembro teremos a segunda etapa e outra edição no ano que vem. É um processo contínuo por cerca de quatro anos”, informou. A inscrição para o programa é feita por meio de um formulário eletrônico no site da iniciativa.
“A nossa preocupação é apoiar o desenvolvimento do produto. Estamos procurando com essa política promover a economia do futuro. As empresas que vão sustentar o emprego daqui a alguns anos são essas que estão nascendo hoje. Queremos empreender aqueles que têm a tecnologia como essência”, disse.
Certificação
Já o palestrante Giancarlo Nut Stefanuto, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), falou sobre a Certics – instrumento estratégico de software e serviços de tecnologia da informação, lançado em agosto, criado para identificar competências brasileiras na área de software e promover a autonomia tecnológica a partir da certificação.
Ele destacou a dificuldade existente para certificar um programa de computador. “Um software é como se fosse uma coisa invisível que pode ter suas partes feitas em vários países, daí surgiu a ideia de se fazer uma certificação no Brasil”, explicou. “Certifica-se, então, parte da tecnologia e o que gerou inovação no Brasil.”
“Isso é importante porque gera emprego e renda e é uma forma de fortalecer a indústria nacional, pois para ir para o mercado mundial é necessária uma inovação de fronteira”, disse. “Também precisamos construir uma inteligência no país para garantir a segurança das informações”, acrescentou, ao citar casos recentes de espionagem por meio da internet e os benefícios da certificação.
“A empresa pode ter margem de preferência em compras governamentais, porque a certificação sinaliza que se trata de uma empresa em que vale a pena investir. Dá também mais segurança aos compradores na aquisição do produto, e o governo tem segurança por estar investindo numa tecnologia que vai trazer desenvolvimento para o país”, concluiu. O processo de certificação pode ser feito pela internet e tem início previsto para 19 de agosto.
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Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI