O 21º seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic/CNPq, que acontece no Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG/MCTI) apresenta nesta sexta-feira (28), último dia do evento, pesquisas voltadas para a antropologia e arqueologia, sob a coordenação do Dr. Fernando Marques, arqueólogo, historiador e pesquisador da Coordenação de Ciências Humanas (CCH) da instituição.
A sessão abre espaço para a saúde bucal das populações indígenas, os tempos de guerra do idos anos 70 no Brasil quando os índios Suruí foram recrutados por militares como guias aos guerrilheiros do Araguaia e a atividade de turismo como uma contribuição para geração de emprego e renda para a população do nordeste paraense.
Ao longo da história, o povo indígena Gaviões, da Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins (PA), adquiriu moléstias surgidas após o contato com os brancos, pelo sedentarismo, o rompimento da dieta tradicional e a dependência de alimentos industrializados.
Com isso, houve uma crescente perda dos dentes e da necessidade de uso de prótese dentária por muitos indígenas. A bacharel em odontologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) Dimitra Castelo Branco, bolsista Pibic/CNPq, fez um estudo sobre as condições de saúde bucal das crianças indígenas desses povos. Ao todo foram 79 indivíduos, preferencialmente mães e responsáveis das crianças, previamente entrevistadas e orientadas com conceitos bucais a partir daqueles utilizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Tempos de Guerra – Não só a perseguição política o povo indígena Surui/ Aikewar teve que enfrentar desde o início do século XX. Habitantes da Terra Indígena (TI) Tuwa Apekuokawera, área delimitada nos municípios de Marabá e São Geraldo do Araguaia, no Estado do Pará, com 11.764 hectares, o povo Suruí/Aikewar – também conhecidos como Suruí do Pará, Suruí do Tocantins, Mudjetire, ou Sororós – sofreram com invasões da frente extrativista de castanha, de garimpeiros, madeireiros e fazendeiros, além de expedições de poderosos que causavam verdadeiro extermínio de seu povo por conta da exploração de seus recursos naturais.
Paula Monteiro, estudante de Letras, na Universidade do Estado do Pará (UEPA), orientada por Rodrigo Peixoto, da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, em seu trabalho para o PIBIC/CNPq mostra que a vida dos Suruí foi sempre marcada por represálias, ataques e outras formas de coerções. Uma vida dramática que não parou por ai. Na chegada dos anos 70, os índios foram recrutados pelos militares como guias de caçada aos guerrilheiros do Araguaia, grupo que confrontou diretamente a ditadura militar no Brasil, entre 1967 e 1975.
O artigo Os Suruí em tempos de guerra no Araguaia relata depoimentos do cacique da reserva Itahy, Tiwabu Suruí, no qual este aponta os abusos sofridos nas mãos dos agentes da repressão. Outros dados também foram reproduzidos em relatório: os depoimentos recolhidos pelo Grupo de Trabalho do Araguaia e informações do Centro Ecumênico de Documentação e Informação.
Áreas do conhecimento
Durante toda a semana o seminário apresentou as pesquisas realizadas por meio do programa, abrangendo inúmeras áreas do conhecimento: ciências da terra, ecologia animal e sistemática vegetal, entre outras.
Um dos estudos aborda a ferrugem, uma das mais devastadoras enfermidades que acometem em plantas. Causadas por fungos da ordem Pucciniales, sua presença nas espécies é uma indicação clara de que a planta está doente e que há risco de contaminar todo o plantio.
Desenvolvida por Fabiano Melo de Brito, estudante da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e bolsista de iniciação científica do MPEG, a pesquisa fez uso de material coletado mensalmente no período de agosto de 2011 e junho de 2013.
Os espécimes foram incorporados ao herbário do MPEG e da Embrapa/Amazônia Oriental. A adição de espécimes permite não só o enriquecimento dos acervos como o acompanhamento da relação entre o clima e fenômenos biológicos periódicos como a floração e frutificação de plantas de algumas espécies e seus aspectos ecológicos.
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Texto: Agência Museu Goeldi