Em sua 28ª reunião, o Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (Geea) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), recebeu nesta quarta-feira (29) o escritor amazonense Márcio Souza. Ao palestrar sobre o “Processo cultural da Amazônia”, ele disse que o país desconhece a realidade da região e traçou um paralelo entre o trabalho de artistas e cientistas.
Souza fez um compilado de fatos históricos e personalidades que marcaram a formação da identidade cultural amazônica. Movimentos como a Cabanagem fizeram parte do panorama traçado pelo autor do livro Mad Maria, adaptado para série televisiva.
“Ao contrário do sul do Brasil, que foi construído, a Amazônia foi desmontada”, comentou o convidado. “Há problemas de integração complicados no Brasil. O desconhecimento do Brasil em relação à Amazônia, a contraposição a ideias preconcebidas em relação a nossa região, o tratamento que nossa região recebe como se não tivesse vida inteligente aqui, tudo está localizado no processo histórico”, afirmou.
“A cultura de um país, não só do Brasil, é muito complexa. Do ponto de vista da arte, os artistas querem o mesmo que os cientistas querem: conhecer a realidade”, comparou. “As formas são distintas, mas os processos de criação artística e científicos tem seus princípios, suas leis e suas comprovações também.” O palestrante elogiou o trabalho dos pesquisadores do Inpa, destacando a cooperação que teve com Janet Chernela.
Impacto humano
Para o secretário executivo do Geea, Geraldo Mendes, discutir o processo cultural é essencial para o avanço da sociedade brasileira. De acordo com ele, a ideia é promover a inserção da cultura no processo de pesquisa. “As instituições científicas dedicadas ao estudo da biodiversidade não costumam inserir o ser humano em suas pesquisas. Isso é uma lacuna, pois este é o ser que mais impacta o planeta e único consumidor do conhecimento”, alertou.
O Grupo de Estudos Amazônicos foi criado em 2007 pela direção do Inpa com o objetivo de constituir um fórum permanente e multidisciplinar para a análise de questões relevantes para a região e a socialização da ciência através de uma linguagem acessível a todo cidadão interessado.
Leia mais.
Texto: Clarissa Bacellar – Ascom do Inpa