Vespas e marimbondos são usados nas pesquisas. Foto: Giba/MCTI
Uma das frentes de pesquisa da
Rede Inovação com Peçonhas de Animais da Biodiversidade da Região Centro-Oeste (Inovatoxin) propõe o uso de vespas na obtenção de fármacos para combater micro-organismos multirresistentes a drogas.
Compostos antimicrobianos identificados pela rede vêm sendo testados no enfrentamento a superbactérias hospitalares, como a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), pivô de um surto na rede de saúde do Distrito Federal em 2010.
Toxinas expelidas pela ferroada do marimbondo podem ajudar a produzir analgésicos e encontrar soluções para o Mal de Parkinson. Os pesquisadores também procuram nos venenos dos artrópodes peptídeos neuroprotetores com poder de bloquear o avanço de doenças autoimunes, como a esclerose múltipla.
Integração
No Laboratório de Toxinologia da Universidade de Brasília (UnB), a equipe coleta e fraciona os venenos, purifica o componente ativo e caracteriza as atividades neurológicas. Já os ensaios em busca de propriedades antimicrobianas e imunomodulatórias, por exemplo, dependem de outros grupos da Inovatoxin para serem realizados. “Então, a gente tem trabalhado em rede mesmo”, ressalta oordenadora da rede, Elisabeth Schwartz, professora do Instituto de Ciências Biológicas da universidade.
Da mesma forma, o subprojeto da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) encaminha cepas causadoras de uma micose comum na Amazônia Legal para equipes da UnB e da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A vertente mato-grossense da rede descobriu que uma espécie do fungo Paracoccidioides causa uma doença semelhante à paracoccidioidomicose (PBmicose), moléstia pulmonar provocada pelo Paracoccidioides brasiliensis. “Os pacientes com essa doença não respondem bem aos tratamentos convencionais usados para PBmicose”, explica a coordenadora. “A rede faz agora uma nova abordagem terapêutica para essa nova espécie”.
Histórico
Integrante da Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (Pró-Centro-Oeste), a Inovatoxin iniciou suas atividades em 2011 e, desde então, depositou duas patentes, publicou 16 artigos científicos, criou um laboratório, aperfeiçoou soros contra picada de cobra e identificou 40 peptídeos (moléculas formadas por ligações de aminoácidos), com propriedades antimicrobianas, analgésicas, antiepilépticas e neuroprotetoras.
A rede tem à disposição quase R$ 3 milhões, oriundos de edital lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) em 2010. As fundações de amparo à pesquisa do Distrito Federal e dos três estados da região (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) contribuem no montante. Os projetos da Pró-Centro-Oeste têm duração de três anos e terminam ao final de 2013.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI