Pesquisadores trabalham com artrópodes e serpentes. Foto: Giba/MCTI
Desde 2011, quando iniciou as atividades, a
Rede Inovação com Peçonhas de Animais da Biodiversidade da Região Centro-Oeste (Inovatoxin) depositou duas patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI/Mdic), ambas relacionadas ao tratamento de acidentes com jararacas.
Três outros pedidos de proteção intelectual, que estão sendo redigidos, tratam da identificação de peptídeos (moléculas formadas por ligações de aminoácidos) de efeitos antiepiléptico e analgésico nas peçonhas de artrópodes.
A Inovatoxin estuda venenos de aranhas, escorpiões, marimbondos, vespas e jararacas, em busca de novos compostos para tratamento de enfermidades. O conjunto de projetos faz parte da Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (Pró-Centro-Oeste), lançada em 2010 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).
Por meio da iniciativa, laboratórios de quatro universidades do Centro-Oeste trabalham para descobrir propriedades antimicrobianas, analgésicas, antiepilépticas e neuroprotetoras em toxinas produzidas por artrópodes e serpentes encontrados no Cerrado e no Pantanal. As pesquisas compõem a Inovatoxin.
Serpentes
Uma das patentes está relacionada ao desenvolvimento, por um subprojeto da rede sediado na Universidade de Brasília (UnB), de um anticorpo humanizado para responder a picadas de serpentes.
Segundo a vice-coordenadora da Inovatoxin, Márcia Mortari, a nova forma de tratamento pode ter menos efeitos adversos que o soro convencional, extraído de cavalos. “A ideia é produzir o composto in vitro, em cultura de células humanas”.
A outra patente foi depositada graças à caracterização do princípio ativo de uma “garrafada” usada por mateiros para amenizar sequelas de acidentes com animais peçonhentos. Um subgrupo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) estudou a composição do extrato de plantas.
De acordo com a coordenadora da Inovatoxin, Elisabeth Schwartz, 80% das picadas de cobra no Brasil são de jararacas. Por essa razão, a rede concentrou as pesquisas nessas espécies. “É o acidente de maior importância médica no país no que diz respeito a serpentes”, diz. “O veneno lesiona muito o membro acidentado e pode incapacitar bastante a pessoa”.
Artrópodes
Elisabeth também coordena um subprojeto responsável por estudar princípios ativos na peçonha de artrópodes típicos do Cerrado.
Boa parte dos animais é capturada em áreas preservadas, sob a licença dos institutos Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MMA) e Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA).
O escorpião Tityus fasciolatus é uma espécie endêmica da região central do Brasil. Ele costuma ser encontrado somente no Cerrado, ao contrário da espécie Tityus serrulatus – popularmente conhecida como escorpião amarelo –, adaptada a viver nas cidades e responsável pela maioria dos acidentes do gênero no país. Os dois animais são objeto de estudo pela rede.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI