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Rede nacional identifica biodiversidade e ajuda a combater tráfico
19/04/2013 - 20:44
O coordenador da Rede de Pesquisa de Identificação Molecular da Biodiversidade Brasileira (BRBol), Cláudio de Oliveira, considera a técnica de encontrar e catalogar espécies a partir de código de barras genético “uma invenção brilhante e uma combinação simples”. Ele participou, nesta sexta-feira (19), de oficina no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Pastas e órgãos de controle e fiscalização do governo federal pretendem combater o tráfico de espécies ameaçadas de extinção com apoio da metodologia.

Ao ilustrar os benefícios trazidos pelo Código de Barras da Vida, Oliveira explicou que uma das técnicas tradicionais de identificação requer a abertura da cabeça de animais vertebrados, para comparar características de ossos do crânio. Com a nova metodologia, os pesquisadores precisam apenas de uma amostra de material genético. Isso lhes permite analisar e decifrar as letras de um pedaço de DNA compartilhado por grupos de diversas espécies.

Embora a identificação biológica seja o objetivo principal da técnica, de acordo com Oliveira, existem várias outras aplicações. A BRBol estudou o caso da arraia-viola, presente na costa brasileira. “Três espécies ocorrem aqui, mas uma delas está ameaçada de extinção e não pode ser pescada”, contou. A rede coletou amostras de carne à venda em mercados do Rio Grande do Sul à Bahia e, após analisar os materiais genéticos em laboratório, descobriu que 100% dos peixes adquiridos em Santa Catarina eram da espécie proibida.

“A grande maioria dos peixes que se vendem por aí pode ser fraude”, alertou o coordenador da BRBol. “Muitas vezes, a gente compra bacalhau e só paga o preço de bacalhau, porque acaba levando um monte de gêneros diferentes.”

Oliveira também citou o exemplo da pata-de-vaca, árvore com cerca de 200 tipos catalogados. “Da conhecida como ‘verdadeira’, a gente extrai produtos químicos usados no tratamento de diabetes, mas essa não é uma espécie comum”, afirmou. “Aquela comumente encontrada nos jardins não tem esse princípio ativo e outras espécies têm outras propriedades farmacológicas.”

Imensidão

“Ninguém sabe quantas espécies existem no planeta Terra”, enfatizou o coordenador da rede. “Mas trabalhos recentes, de 2011, estimam que isso esteja na casa de 10 milhões. Já conhecemos em torno de 1,2 milhão de espécies. Ou seja, falta dar nome científico para 90% das espécies.”

Também integrante da BRBol, o pesquisador Aristóteles Neto ressaltou que o trecho de DNA tem que ser pequeno e padronizado. “O mais importante é que o segmento precisa ser aplicável a qualquer tipo de amostra, seja fresca, preservada, forense ou ancestral fossilizada”, disse. “A ideia é identificar espécies conhecidas, aquelas que já foram descritas pela ciência, e facilitar a identificação de novas espécies, que não foram descritas formalmente.”

Criada no fim de 2010, com apoio de edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), a BRBol busca mapear as espécies do país. A iniciativa se espelha no projeto internacional Código de Barras da Vida (iBol), surgido em 2004 com a responsabilidade de administrar um banco de dados mundial – a biblioteca genética Bold Systems.

 

Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI

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