O secretário substituto Adalberto Fazzio. Foto: Giba/Ascom do MCTI
A escassez e o envelhecimento da mão de obra qualificada em unidades de pesquisa do governo federal preocupa a Câmara dos Deputados. Diante do cenário, a Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação promoveu debate nesta terça-feira (16), com participação de representantes de ministérios, universidades e entidades sindicais relacionadas à carreira.
O deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), presidente da frente, apontou a necessidade de estabelecer níveis de remuneração compatíveis com a relevância da atividade ao país. “Ainda quero ver no Brasil um pesquisador milionário”, disse. “Precisamos agora repatriar nossos recursos humanos que estão lá fora, pelo programa Ciência sem Fronteiras, e temos que incentivá-los, para que eles possam realmente voltar com perspectivas melhores.”
Para o secretário substituto de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Adalberto Fazzio, a solução passa pelas universidades. “Onde vamos buscar essa competência? Na formação”, argumentou. “Neste ano, com grande esforço do Ministério da Educação, conseguimos que a taxa de matrícula em engenharia superasse a de direito. A engenharia é a base para esse desenvolvimento tecnológico.”
Segundo Fazzio, a mudança precisa ter início no ensino básico. “Quando se fala em recursos humanos, a gente começa lá embaixo”, afirmou. “O MCTI promove iniciatovas como a Obmep [Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas]. Isso faz parte de uma interação muito grande com o MEC, que chega à pós-graduação, com o Ciência sem Fronteiras.”
Fazzio também mencionou o programa Rhae – Pesquisador na Empresa, gerido pelo MCTI e executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI): “São bolsas para empregar pessoal altamente qualificado diretamente nas empresas”.
O secretário substituto reforçou a importância de alinhar os institutos de ciência e tecnologia com as ações do governo federal. “Existem unidades de pesquisa executando trabalhos que poderiam ser feitos, simplesmente, na universidade”, observou.
Dificuldades
Na opinião do presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia (SindCT), Ivanil Barbosa, o governo federal carece de políticas para reposição de recursos humanos em suas unidades de pesquisa. Ele tomou como exemplo a situação dos quadros de servidores no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), ligado ao Ministério da Defesa, e nos institutos nacionais de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), entre outros.
A exemplo de Fazzio, o secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Speller, lembrou que ciência, tecnologia e inovação dependem fundamentalmente da formação de pessoas qualificadas. “Se as universidades não estiverem sintonizadas com essa atividade, nós não teremos o Inpa, o Inpe e nem mesmo a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária].”
Também compareceram à audiência na Câmara dos Deputados o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Jorge Almeida Guimarães, o diretor de relações internacionais da Capes, Marcio de Castro, e o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Ivan Marques.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI