Pesquisas de turismo de base comunitária realizadas pelo
Instituto Mamirauá, organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI), para investigar se a atividade de ecoturismo na Reserva Mamirauá afeta os primatas da região, sugerem que a visitação pública não tem influenciado a população de algumas espécies analisadas.
Segundo a bióloga Fernanda Paim, pesquisadora do instituto, foram percorridas duas trilhas de uso mínimo (baixa frequência de visitação) e duas de uso intenso (alta frequência de visitação).
As espécies monitoradas foram guariba, macaco-prego, macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta e uacari-branco. Ao longo do período monitorado, entre 2007 e 2010, foram obtidos 1.448 registros de grupos (ou unidades sociais) nos 811,2 quilômetros percorridos.
Com exceção do macaco-de-cheiro-comum, todas as espécies foram registradas nas quatro trilhas. Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta foi a espécie que apresentou a maior densidade geral em todos os anos, seguida por guariba, macaco-prego e uacari-branco. Apesar das densidades das quatro espécies variarem entre os anos, elas não apresentam uma tendência ao longo do estudo.
Os resultados integram a sexta edição da Revista Uakari, lançada na semana passada pelo Instituto Mamirauá. Neste número, todos os artigos são relacionados às pesquisas sobre turismo de base comunitária.
De acordo com a pesquisadora, o fato de não terem sido encontradas diferenças significativas na densidade de uacari branco e macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta ao longo do estudo pode sugerir que as atividades promovidas pela pousada Uacari não estão afetando essas espécies.
“No entanto, guariba e macaco-prego apresentaram maiores densidades nas trilhas de uso intenso, indicando a possibilidade de habituação desses primatas à presença humana em decorrência da visitação dos turistas. É provável que esse processo constante de visitação nas trilhas de uso intenso aumente a detectabilidade de indivíduos dessas duas espécies, já que os mesmos não fogem dos observadores", observa Fernanda.
A pesquisa também analisou a frequência de visitantes. Os turistas que visitam a reserva recebem orientações de como não se aproximar demasiadamente dos animais e não oferecer alimentos. A versão digital da revista pode ser acessada pelo endereço: www.uakari.org.br.
Texto: Ascom do Instituto Mamirauá