A abertura da 7ª Conferência da IAP. Foto: Davi Fernandes/Ascom do MCTI
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, participou neste domingo (24) da abertura da 7ª Conferência da Rede Global de Academias de Ciências (IAP, sigla em inglês para Inter Academy Panel). Ele sugeriu que seja levada à Organização das Nações Unidas (ONU) uma proposta de criação da Comissão Mundial de Cientistas para o Combate à Pobreza.
Dentre os objetivos da comissão, listou, estariam estimular e coordenar a elaboração de projetos, globais ou regionais, de erradicação da pobreza; difundir o conhecimento científico, visando à definição de políticas públicas voltadas a esse fim; e organizar uma rede mundial de instituições científicas e cientistas para atuação no tema.
A cerimônia, no Rio de Janeiro, teve a presença do presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, e dos copresidentes da IAP, Howard Alper (Canadá) e Mohamed Hassan (Sudão). Segundo o ministro Raupp, a realização da conferência da IAP no Brasil ocorre em um momento muito propício. “O tema deste encontro coincide com as preocupações e com as ações do governo da nossa presidenta”, afirmou.
O titular do MCTI disse que, por razões várias, infelizmente o Brasil ainda tem uma parcela significativa da população em condições econômicas e sociais bastante desfavoráveis. Mas observou que esse é um quadro em mudança, em razão de ações que estão sendo realizadas pelo governo federal. “Para se ter uma dimensão das mudanças que vêm ocorrendo no Brasil, nos últimos dez anos, 40 milhões de pessoas, cerca de 20% da população, cruzaram a linha da pobreza e se tornaram classe média”, enfatizou.
A contribuição da ciência
Marco Antonio Raupp destacou o papel da ciência nesse contexto: “Se o conhecimento científico se tornou um recurso imprescindível para a geração de riqueza, e se a ciência amplia suas competências cada vez mais rapidamente, então podemos concluir que poderemos, sim, erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável com o uso da ciência”.
O ministro ressaltou que o Brasil conta hoje com um amplo e dinâmico sistema de produção científica. “Temos em atividade cerca de 270 mil pesquisadores. Pela base de dados da Thomson/ISI, em 2009, eles publicaram mais de 32 mil trabalhos em periódicos internacionais. Há no Brasil mais de 27 mil grupos de pesquisa e o país forma atualmente 12 mil doutores por ano, o dobro de dez anos atrás.” Ele informou, ainda, que os recursos destinados a pesquisa e desenvolvimento (P&D) se elevaram em 85% nos últimos dez anos.
A cerimônia incluiu execução do hino nacional e a exibição de um vídeo com cenas representativas da biodiversidade e da cultura brasileiras. Os dois dirigentes da IAP se pronunciaram. Howard Alper destacou a importância da ciência, da tecnologia e da inovação no desenvolvimento econômico de um país e elogiou o progresso realizado pelo Brasil nessa área.
Após ressaltar avanços alcançados pela IAP, frisando sua frequente parceria com o Conselho InterAcademias (IAC, na sigla em inglês) nos últimos três anos, o químico canadense avaliou que ainda há muito a ser feito. "O tempo passou e as duas organizações têm que alcançar um novo patamar para que consigam fazer a diferença em suas nações, regiões e no mundo como um todo", afirmou o cientista, que é também professor da Universidade de Ottawa, na capital canadense.
Desafio
Mohamed Hassan, por sua vez, afirmou que a pobreza continua a figurar como um dos maiores desafios a serem enfrentados pela humanidade. O ex-presidente da Academia Africana de Ciências ressaltou que vivemos em um mundo repleto de dificuldades relacionadas à sustentabilidade. "Nós acreditamos que a comunidade científica mundial, representada pelas academias de Ciências, pode e deve assumir um papel de liderança na agenda da Rio+20 de questões ligadas à sustentabilidade", afirmou Hassan. A seu ver, a proximidade com a conferência das Nações Unidas, realizada em junho, garantirá o engajamento das academias e a excelência da 7ª Conferência da IAP.
Ele apontou o evento no Rio como uma grande oportunidade para que todos aprendam mais sobre o programa brasileiro de redução da pobreza. Leia mais sobre a solenidade.
O encontro segue até terça-feira (26), com organização da ABC. Com o tema “Ciência para erradicação da pobreza e desenvolvimento sustentável”, reunirá líderes da comunidade científica nacional e internacional. Os participantes discutirão mudanças climáticas, energia sustentável, acesso à água limpa e saneamento básico, saúde e segurança alimentar e o ensino de ciência. A intenção é debater e divulgar o comprometimento dos cientistas com a construção de um futuro no qual prevaleçam a justiça social e a sustentabilidade econômica e ambiental.
A IAP reúne 106 academias de Ciências do mundo. Seu principal objetivo é mobilizar a comunidade científica internacional para contribuir com a formulação de políticas públicas sobre temas fundamentais para a sociedade e os governos. Saiba mais sobre a conferência e acesse o site do evento (em inglês).
Texto: Juliana Leite – Ascom do MCTI, com informações complementares da ABC (atualizado em 26/02/2013)