O
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) discutiu esta semana a participação em um projeto sobre o desenvolvimento de biomarcadores de toxidade do mercúrio em cinco rios da bacia Amazônica: Negro, Madeira, Tocantins, Branco e Tapajós.
"Já chegamos a um acordo, faltam apenas as questões jurídicas. Vamos atuar de várias formas: conhecimento, tecnologia e intercâmbio de informações entre as instituições”, informou o pesquisador do instituto Ézio Sargentini.
A inciativa, que tem participação da Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO), foi financiada pela Energia Sustentável do Brasil por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D/Aneel).
A pesquisa
Os estudos baseiam-se na criação de mecanismos de vigilância toxicológica associadas ao mercúrio para garantir a saúde da população ribeirinha. “A ideia é encontrar biomarcadores que possam refletir mudanças no ambiente em curto espaço de tempo e, a partir daí, criar índices de vigilância que poderão ser adotados em novos empreendimentos hidrelétricos na região”, disse o pesquisador da UnB Luiz Fabrício Zara.
Segundo ele, a pesquisa irá utilizar um novo biomarcador para medir os níveis de mercúrio em diferentes amostras. “Vamos usar uma tecnologia chamada de metalômica, que é uma interface entra biologia e a química analítica”, relatou Zara. “Ela permite separar proteínas para depois buscar possíveis metaloproteínas (proteínas que contém um ou mais íons metálicos em sua estrutura). Vamos trabalhar com amostras de peixe e leite materno.”
A escolha do peixe, acrescentou o pesquisador, está diretamente relacionada à cadeia alimentar. Antes de ser consumido, o peixe já acumulou, por meio da biomagnificação e bioacumulação, um alto teor de mercúrio em sua estrutura, podendo apresentar riscos a quem o consome.
Zara afirmou ainda que a outra fonte, direcionada ao leite materno, deve-se à necessidade de aprofundar o conhecimento do mecanismo de transferência do mercúrio, que é neurotóxico, via leite. "O potencial de toxidade nessa primeira fase da vida criança é grande.”
Após o consumo do peixe pelo homem, o mercúrio presente nos espécimes pode atacar o sistema nervoso central. Os sintomas podem ser reconhecidos por tremores, perda de visão periférica, do olfato e paladar. Em alguns casos, a contaminação pode levar à morte. “Por isso é importante entender a dinâmica do mercúrio associada à expansão do setor hidrelétrico”, alertou Zara.
Texto: Raiza Lucena – Ascom do Inpa