Um filhote macho de peixe-boi foi entregue ao Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária (Centrinho), mantido pelo
Instituto Mamirauá e localizado a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, no noroeste do Amazonas. O local é um criatório conservacionista autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MMA).
O animal, encaminhado ao Centrinho na quinta-feira (14), foi encontrado flutuando em igarapé por um morador da comunidade Monte Ararate, Reserva Amanã, município de Maraã. Ele resgatou o peixe-boi e entregou-o aos pesquisadores do instituto.
Segundo a coordenadora do Projeto Aquavert, a oceanógrafa Miriam Marmontel, o morador agiu corretamente ao procurar observar se a mãe se encontrava nas proximidades. “Embora considerado vulnerável e protegido por lei, o peixe-boi continua a ser caçado na região amazônica”, diz. “Muitas vezes, em situações semelhantes, o animal seria abatido para consumo, ou vendido a algum comerciante. O trabalho de sensibilização do Instituto Mamirauá ao longo dos anos certamente influenciou na decisão do comunitário de transportá-lo vários quilômetros rio acima em sua canoa rabeta."
Quarentena
Separado da mãe, o filhote, batizado de Vilemar e com pouco mais de um mês de vida, parece ter sido vítima de algum predador, uma vez que apresentava o corpo coberto de arranhões e várias mordidas na cauda.
Ele permanecerá em quarentena em um tanque à parte dos demais. Dentro de alguns meses, poderá ser transferido para um curral flutuante e, assim, ter contato com outros animais de sua espécie.
Em janeiro, dois filhotes fêmeas de peixes-boi, que haviam sido resgatados em dezembro, também foram transferidos para o Centrinho, onde ficaram em observação, realizaram exames e avaliações sobre seu estado de saúde. Com a chegada do novo filhote, o local conta hoje com cinco espécimes resgatados.
O peixe-boi e a Amazônia
Trichechus inunguis é uma espécie endêmica da bacia do rio Amazonas, protegida pela legislação ambiental brasileira por ser considerada vulnerável ao risco de extinção. Segundo Miriam Marmontel, o peixe-boi-da-amazônia tem grande importância para o ecossistema da floresta amazônica.
"O peixe-boi amazônico é tido como um reciclador de nutrientes. Ele consome diariamente cerca de 6% de seu peso corporal em plantas aquáticas que, ao serem digeridas, são devolvidas ao ambiente na forma de nutrientes. Esses nutrientes estarão então disponíveis na água para plantas, micro-organismos e peixes", destaca a coordenadora do Projeto Aquavert.
Na avaliação dela, a sociedade precisa ser sensibilizada para o problema de conservação da espécie. “Divulgar sobre sua condição e necessidade de proteção, não comprar carne de peixe-boi e, assim, não estimular a caça”.
Miriam explica que, se o animal estiver ferido ou órfão (quando a mãe foi abatida), deve ser encaminhado para reabilitação. Nesse caso, deve-se comunicar os órgãos competentes, como o Ibama. “Na nossa área, também é possível entrar em contato com o Instituto Mamirauá para resgate e procedimentos", acrescenta. O instituto é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Texto: Thiago Almeida – Ascom do Instituto Mamirauá