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Sul do Amazonas está mais vulnerável a incêndios, aponta pesquisa
21/01/2013 - 14:26
Uma pesquisa da engenheira agrônoma Sumaia Vasconcelos, aluna de doutorado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), revelou que uma área de aproximadamente 86.600 hectares de floresta em pé nos municípios de Boa do Acre e Lábrea, sul do Amazonas, está mais propícia a incêndios florestais recorrentes. A constatação foi feita após coleta de dados no campo e análises de imagens de satélite referentes a 11 anos da história de fogo na área.

De acordo com Sumaia, o local foi impactado por grandes incêndios florestais ocorridos durante a seca de 2005. Ela explica que esses incêndios geralmente são causados pela prática humana de atear fogo em áreas já cultivadas (como cultivos agrícolas e pastagens) que saem do controle e invadem a floresta. A pesquisadora disse que se o clima mudar como previsto por modelos de circulação global (MCG) na região, o uso descontrolado do fogo pelo homem, aliado a esse fator, pode ocasionar novos incêndios florestais de maior magnitude.

“O impacto pode ser duas vezes maior que no primeiro incêndio. No incêndio de 2005 a estimativa de carbono comprometido para emissões foi de 1,8 e 2,2 milhões de toneladas, um e quatro anos depois do fogo”, comenta.
O estudo revelou também que a região sul do Amazonas concentra 60% dos focos de calor (indicador de queimada) de todo o estado. Além de Lábrea e Boca do Acre, Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá e Canutama registram alto índice de focos de calor. Sumaia Vasconcelos explica que os picos desses focos ocorrem em período de menos chuva.

“Essa região concentrou cerca de 60% dos focos de calor detectados no Amazonas de 2000 a 2010. Ao longo desses 11 anos esses municípios foram os campeões de queimadas”, destaca. “A maior ocorrência de focos de calor incidiu em área com precipitação de chuva inferior a 100 milímetros por mês. É uma região mais seca, comparada ao norte e noroeste do Amazonas, mas na Amazônia, além do fator meteorológico, o fogo, para existir, geralmente precisa ter o homem como fonte de ignição. Há forte pressão do uso da terra nessa região.”

Clima global

O pesquisador do Inpa Philip Fearnside, que foi o orientador da tese de doutorado de Sumaia Vasconcelos, ressalta os efeitos da ação humana na região. “Essas ações geram um grande impacto e isso vem aumentando”, diz. “Há 30 anos, não se ouvia falar em incêndios florestais na Amazônia."

Ele cita a mudança climática como outro fator. "O ano de 2005 foi preocupante e não era ano de El Niño. El Niño causou incêndios florestais em Roraima nos anos de 1998 e 2003, mas ele afeta a parte norte da Amazônia. A parte sul do Amazonas tem muito menos influência do El Niño, mas secas provocadas por aquecimento no oceano Atlântico, como aconteceu em 2005 e novamente em 2010, representam uma ameaça grave para essa região. Essas secas são previstas a aumentar com mais aquecimento global”, alerta.

 

Texto: Daniel Jordano – Ascom do Inpa

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