O secretário Nobre e os representantes das empresas licitadas assinam o contrato. Foto: Giba/Ascom do MCTI
A partir de 2013, nove radares meteorológicos recém-adquiridos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI) cobrirão amplos espaços fora da atual rede. O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, oficializou a compra nesta quinta-feira (20), ao assinar contrato com uma empresa alemã e outra gaúcha.
“É um momento muito importante, de avanço de um grande projeto do governo brasileiro, para modernização da capacidade de resposta a eventos extremos”, afirmou Nobre. “Entre as principais ações desse plano, estão a modernização e a nacionalização da cobertura dos elementos deflagradores de desastres naturais, sobretudo a chuva, que causa a maior parte das vítimas fatais.”
Oito dos nove radares serão instalados em regiões sujeitas a catástrofes provocadas pela chuva, nos municípios de Natal (RN), Maceió (AL), Salvador (BA), Almenara (MG), São Francisco (MG), Três Marias (MG), Santa Teresa (ES) e Jaraguari (MS). “O outro radar está sendo estrategicamente posicionado em Petrolina [PE], no semiárido, para gerar informações essenciais para a operação da agricultura e o gerenciamento dos recursos hídricos do Nordeste, além de, lógico, monitorar qualquer evento extremo”, completou o secretário.
Segundo Nobre, os primeiros radares devem ser instalados no leste nordestino. “Chove muito de abril a setembro em toda a chamada Zona da Mata, que inclui grandes cidades como Salvador, Recife, Aracaju, Maceió, João Pessoa e Natal, nessa faixa litorânea de 80 a 150 quilômetros”, explicou. “Quanto antes colocarmos radares nesses locais, melhor, pois eles terão uma grande utilidade em 2013. Peço uma ênfase muito grande ao consórcio vencedor de, na medida do possível, antecipar prazos, principalmente para o Nordeste.”
A segunda etapa do processo seria reconfigurar a rede existente. “Os atuais 24 radares em operação no Brasil são de uma tecnologia já ultrapassada”, informou o coordenador de Operações e Modelagem do Cemaden, Carlos Frederico Angelis. “A expectativa é que a gente possa nos próximos anos modernizá-los e, assim, atender todas as necessidades de monitorar o país.”
“Esperamos não só cumprir essa segunda fase, de modernização, mas também cobrir o Brasil todo com radares meteorológicos, como nos solicitou a presidenta Dilma Rousseff”, antecipou Nobre. “Com mais dez a 15 novos radares, teríamos inicialmente uma boa cobertura para o território nacional.”
Parceria internacional
Um consórcio formado pela empresa alemã Selex Systems Integration e pela brasileira Engelétrica Sul, de Canoas (RS), venceu a licitação para fornecer e instalar os nove radares meteorológicos, por pouco mais de R$ 72 milhões.
“É uma satisfação participar desse projeto, que vai, com certeza, melhorar e muito a condição de monitoramento das regiões que sofrem com o problema das intempéries climáticas”, disse o diretor da Engelétrica, Fenando Derques López. “Somos uma empresa de pequeno porte, que pôde participar dessa licitação com a Selex, que tem mais de 300 radares instalados no mundo todo.”
A assinatura do contrato dá sequência a série iniciada na quinta-feira (13), quando o Cemaden firmou acordo com duas empresas brasileiras, responsáveis por fornecer e instalar 1,5 mil pluviômetros automáticos. Nesta sexta-feira (21), evento na sede do centro, em Cachoeira Paulista (SP), oficializa a compra de 1,1 mil pluviômetros semiautomáticos.
“O monitoramento da chuva tem duas dimensões complementares”, destacou Nobre. “A rede de radares dá uma cobertura espacial, sobre as áreas de risco como um todo, fundamental para saber se o nível de chuva em uma encosta ultrapassou o limite crítico que fará a terra deslizar. Já os pluviômetros são instalados localmente e têm uma medida muito precisa, a cada minuto.”
De acordo com o secretário, os planos até 2014 compreendem a instalação de cerca de 4 mil pluviômetros automáticos e semiautomáticos e “uma grande modernização na capacidade brasileira de utilização de radar meteorológico”.
Texto: Rodrigo PdGuerra