Palestrantes e boslistas no encontro no CNPq. Foto: Augusto Coelho/Ascom do MCTI
Nesta segunda-feira (17), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) realizou o primeiro encontro preparatório com bolsistas selecionados pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF). O evento forneceu as principais informações sobre intercâmbio a 108 estudantes de Brasília, que viajarão para estudar em universidades de outros países a partir de janeiro, e para os participantes de outros estados, conectados por meio de transmissão ao vivo pela internet.
No total, foram selecionados 1.844 estudantes para cursar a graduação sanduíche no exterior, no edital publicado pelo CNPq em julho de 2012. Entre eles, 599 irão para o Canadá, 592 para o Reino Unido, 355 para a Austrália, 205 para a Holanda e 93 para a Coreia do Sul. A área que enviará mais estudantes para as instituições de ensino internacionais será a engenharia, considerando diversas modalidades, como civil, elétrica, química e de produção. Foram contemplados também alunos de medicina, ciências biológicas, arquitetura, artes e comunicação, entre outras.
O presidente do CNPq, Glaucius Oliva, explicou que todas as áreas estavam previstas no início do programa e que no decorrer houve priorização. “Investir nas pessoas é o principal movimento que o Brasil tem feito. Neste momento é importante selecionarmos as áreas portadoras do futuro do país, agora ligadas prioritariamente à formação do conhecimento tecnológico”, disse.
Segundo Oliva, esse movimento ligado diretamente à educação visa proporcionar, principalmente, maior crescimento econômico e mais autonomia institucional. “É o momento de a ciência de qualidade auxiliar no crescimento brasileiro e, com isso, ainda inserir jovens num contexto profissional que envolva criatividade, inovação e competitividade em áreas do conhecimento ligadas essencialmente com a tecnologia”, explicou.
Ampliação
Estimativa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) aponta que 2,5 milhões de imigrantes brasileiros residem no exterior e existe outro milhão de turistas do país, atualmente. Para traçar um paralelo da ampliação do número de estudantes no exterior proporcionado pelo Ciência sem Fronteiras, foram fornecidos dados do início deste ano em comparação com a meta estabelecida pelo governo federal para o intercâmbio.
Cerca de 20 mil pessoas estudavam no exterior por conta própria até janeiro de 2012, das quais 15 mil não tinham nenhum tipo de vínculo com o governo federal e apenas 5 mil contavam com bolsas fornecidas pelo CNPq e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Entre esses estudantes cerca de 10 mil estavam nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Espanha, 6 mil na Bolívia e outros 1,5 mil no Paraguai. Argentina e Cuba ainda foram citados como nações com uma grande comunidade estudantil brasileira.
“Com a criação destas 100 mil vagas [do CsF] destinadas a estudantes, nossa perspectiva da necessidade de auxílio se amplia bastante, já que nessa idade nos propomos a muitas novas experiências, o que os deixa mais suscetíveis”, ressaltou a ministra Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva, chefe do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior do MRE. “Por isso lembrem que seu ponto de apoio confiável será o consulado do seu país. Vocês são privilegiados, pois estão sob um guarda-chuva de proteção institucional, já que estão ligados a um programa de governo.”
Segundo Luiza, os principais problemas dos estudantes no exterior são a falta de cuidado com a saúde, a carência afetiva e o choque cultural. “É importante manter-se focado”, alertou. “Conhecer os costumes de cada localidade antes de viajar através de uma boa pesquisa é fundamental para facilitar sua aceitação. Quando há preocupação com os costumes locais, existe também maior facilidade de adaptação.” Ela ponderou que é proporcionalmente muito pequeno o número de casos de não adaptação.
No evento, os estudantes receberam informações de representantes das embaixadas canadense, Camile Ruest; coreana, Bora Na; e britânica, Jaqueline Wilkins; além da representante da instituição parceira do CsF na Holanda, Nuffic Neso Brazil, Ana Maria Siqueira. Entre os temas abordados, a retirada de vistos e adaptação à cultura dos países, as instituições responsáveis pelo auxílio aos alunos e publicações importantes para subsídio durante a estada.
Perspectivas
A estudante de publicidade Mariana Azevedo, 20 anos, explicou ter escolhido a Holanda pela oportunidade de conhecer um outro tipo de cultura, mas disse que a semelhança do modelo de ensino institucional com o brasileiro ajudou na sua decisão. “Acredito que facilitará na adaptação”, comentou.
Para ela, a experiência de estudar em um país sem a presença de família, amigos e namorado deve proporcionar crescimento como indivíduo. “Todos me apoiaram nesta decisão desde o início”, relatou. “Afinal, é apenas um ano e, queiramos ou não, teremos que aprender a nos virar sozinhos. Eu nunca morei sozinha. Agora, terei que aprender.”
Já o estudante de engenharia mecânica Ian Brasil, da mesma idade, avalia que terá oportunidade de conhecer muitas culturas diferentes por escolher o Reino Unido. “É uma região onde estudantes de diversas nacionalidades convivem. Será uma oportunidade para formar uma rede de amigos do mundo inteiro”, disse. Questionado como pretende aplicar seu conhecimento internacional de aprendizado no Brasil, ele contou que não pretende seguir na área acadêmica: “Devo ir para a empresa que tiver o melhor projeto e me procurar. Tudo dependerá da melhor proposta”.
Texto: Ricardo Abel – Ascom do MCTI (atualizado em 17/12/2012)