Captura dos macacos-de-cheiro visa preservação da espécie. Foto: Michele Araújo/Ascom do IDSM
Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e da Universidade Federal do Pará (UFPA) capturaram 20 macacos-de-cheiro na Reserva Mamirauá, que fica a 600 quilômetros de Manaus, na região do Médio Solimões. Os dados coletados vão servir para o desenvolvimento de de técnicas de conservação da espécie, que está ameaçada em razão das mudanças climáticas globais. O IDSM é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Segundo a bióloga Fernanda Paim, integrante do grupo de pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do instituto, “essa foi a primeira captura de primatas deste gênero em vida livre na Amazônia”. Ela comentou que os animais estão em risco devido à redução da área em que estes se distribuem geograficamente, ou seja, de seu habitat natural.
“A alteração no regime de chuvas e no pulso de alagamento de alguns rios amazônicos pode causar, em alguns pontos, uma redução das extensões de várzea. Se isso realmente acontecer, algumas espécies que são endêmicas de várzea podem estar correndo sério risco, pois não terão mais disponível um ambiente ao qual elas estão adaptadas”, explicou o biólogo e diretor geral do Instituto Mamirauá, Helder Queiroz.
Uma das espécies de macaco-de-cheiro capturadas, saimiri vanzolinii, tem a menor distribuição geográfica entre os primatas neotropicais, com apenas 870 km². Por isso, os pesquisadores vão coletar e congelar células reprodutivas da espécie. “O projeto também prevê o estudo de alternativas para realização da fertilização in-vitro (fecundação de óvulos por espermatozoides em laboratório) e a transferência de embrião para mães de aluguel”, afirmou Helder.
O diretor geral do IDSM revelou, ainda, que os animais capturados foram anestesiados para coleta de material genético (sangue e pelo) e biometria (dados de identificação). Após esse procedimento, eles foram liberados para a natureza. Com base na análise do material, será possível aprofundar o conhecimento sobre a genética das populações da a reserva.
“Saimiri vanzolinii é uma espécie endêmica, com distribuição muito pequena e sobreposta em alguns pontos com a da espécie vizinha (macaco-de-cheiro-comum). Essa análise poderá confirmar a existência de híbridos em vida livre e contribuir para a formulação de novas estratégias de conservação”, comentou Fernanda.
Três meses antes da captura, técnicos do instituto colocaram iscas em estações criadas para essa finalidade. “O uso de armadilhas fotográficas permitiu acompanhar quais deles foram atraídos ao local e quais estações eram mais utilizadas pelos primatas”, afirmou o biólogo e bolsista do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá, Rafael Rabelo.
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Texto: Eunice Venturi – Ascom do IDSM