O secretário Eliezer Pacheco fala durante a abertura do seminário. Foto: Giba/Ascom do MCTI
As bases de um novo trabalho em rede – com participação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – devem ser constituídas durante o Seminário de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional, em Brasília (DF). “Nossa mobilização é para que tenhamos entre os macro-objetivos do país a garantia da soberania e da segurança alimentar”, informou a presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Lisboa Pacheco, na abertura do evento, nesta terça-feira (4).
O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do MCTI, Eliezer Pacheco, lamentou a contradição de os indicadores sociais brasileiros não acompanharem o crescimento econômico da última década. “Paradoxalmente, nós não avançamos em IDH [Índice de Desenvolvimento Humano]”, apontou. “Ciência e tecnologia têm um papel muito importante para enfrentar o desafio da fome, da carência alimentar, mas, nessa área, encontramos um problema que precisamos resolver: a fragmentação dos esforços de pesquisa.”
Segundo Eliezer, a experiência da pasta com os núcleos de tecnologia assistiva indica um caminho para o setor de segurança alimentar. “Por se tratar de um ministério de poucos recursos, o MCTI tem apostado no trabalho em rede, que potencializa e dimensiona de forma adequada os esforços”, explicou.
Maria Emília ressaltou a importância de se criar “uma visão de ciência engajada, de ciência cidadã”. “Vivemos hoje tempos de impérios alimentares, num crescente processo de concentração corporativa, desde a produção até o consumo”, afirmou a presidenta do Consea. “Os resultados esperados [do seminário] são bastante ousados: pretendemos construir as bases de uma rede e avançar numa agenda de pesquisa em segurança alimentar e nutricional.”
Articulação
A secretária adjunta de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Paula Montagner, lembrou que o cenário era pior no passado. “A segurança alimentar é um campo multidisciplinar, no qual, cinco anos atrás, poucos pesquisadores conversavam entre si”, disse. “Há um apoio fundamental de organismos públicos, mas o que fez a área crescer é a interface com as universidades.” Para ela, o evento pode fomentar a articulação e a multidisciplinaridade entre os pesquisadores.
De acordo com a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Maya Takagi, apesar do “caminho positivo”, existem muitos desafios pela frente. “Fundamentalmente, a gente tem um esforço grande, no Brasil, para consolidar conceitos, visto que a segurança alimentar ainda não é absorvida na sociedade, nem como conceito nem como direito”, avaliou. “Nesse diálogo entre sociedade civil, governo e academia, a gente tem um instrumento de gestão importante, o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.”
Organizado por Consea, MCTI e MDS, o Seminário de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional continua até quinta-feira (6).
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI