Secretário Alvaro Prata quer mais visibilidade para parques tecnológicos. Foto: Giba/Ascom do MCTI
O Comitê Consultivo do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI) promoveu reunião, nesta quinta-feira (22), para avaliar a gestão dos parques tecnológicos brasileiros. O encontro foi realizado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), em Brasília.
A sessão serviu para apresentação de dados parciais sobre as fases de implantação dos parques e novas iniciativas para atrair empresas às unidades consolidadas e linhas de crédito disponíveis para o fomento da inovação de instituições privadas atuantes em polos brasileiros.
“A meta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação [MCTI] é fortalecer o PNI com recursos e ações que propiciem visibilidade”, destacou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Alvaro Prata. “Temos cinco áreas prioritárias na nossa secretaria [Setec], e uma delas envolve os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas”, acrescentou.
O primeiro assunto debatido foi estudo em elaboração pela Universidade de Brasília (UnB), que deverá auxiliar no estabelecimento de políticas e futuras ações do PNI. Com conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2013, o trabalho fará o mapeamento da rede de parques, suas características, fases de implantação e vocações regionais.
Liderança sulina
Dados parciais disponíveis apontam que a região Sul concentra maior número de parques tecnológicos, sendo responsável por 42% do total das iniciativas, de um universo de 61 unidades que responderam ao questionário enviado pelo MCTI – que considerou as fases de operação, implantação e a execução do projeto.
Levando em conta apenas os números de polos em operação, o Sul também lidera na quantidade de mestres nas unidades tecnológicas. O Sudeste, por sua vez, abriga maior número de doutores – 57% deles ligados à área acadêmica e apenas 5% ao setor privado. No total, 50% dos parques estão instalados em terrenos públicos, o que indica envolvimento direta de órgãos governamentais com ciência, tecnologia e inovação.
De acordo com o estudo, 35% dos parques possuem plano de sustentabilidade, 29% fortalecem o empreendedorismo na região, 18% facilitam a transferência de tecnologia e 33% exportam tecnologia. Do total, 70% atuam na área de tecnologia da informação e da comunicação, 60% em biotecnologia, 36% em saúde e 35% em agronegócio. Outra informação é que 54% deles usam editais com propostas para atrair novas empresas.
Outros dados trazidos pelo levantamento em relação aos parques tecnológicos: 74% têm incubadoras, 53% possuem pré-incubadoras; 57% contam com centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D); 37% têm escritório de patentes; 33%, escritório de projetos; 38%, agência para transferência e comercialização de tecnologia; 74%, consultoria e treinamento; 68%, apoio a propriedade intelectual; 51%, serviço de marketing; e 57%, biblioteca.
Atratividade
O representante do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (MDIC), Marcos Vinicius de Souza, destacou a necessidade de os parques tecnológicos ganharem visibilidade para atrair maior número de empresas, além de apresentar algumas sugestões que estimulem a iniciativa. “A tributação diferenciada para quem produz pesquisa e desenvolvimento nos parques e a introdução de bônus de crédito para as empresas que alcançarem metas após investimentos continuados em P&D são metodologias que podem auxiliar neste processo”, afirmou.
Segundo Souza, “o financiamento de grandes projetos pelo mercado de capitais poderá permitir a criação de fundos de investimento. Além disso, seria interessante criar instrumentos para atrair centros de P&D ao Brasil, o que ajudaria a profissionalizar mais esse processo”. Ele também defendeu a promoção dos parques brasileiros no exterior, "de modo que atuem como propulsores da inovação no país e se tornem referência mundial”.
Já o representante do Banco de Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES/MDIC), Felipe Maciel, destacou a disponibilidade de linhas de crédito (renda fixa e variável) às micro, pequenas e médias empresas, além dos parques tecnológicos. “Temos limites de crédito para ampliar as estratégias de inovação na empresa com objetivo de aumentar a competitividade”, informou.
Fomento
Entre as alternativas de fomento ao setor, Maciel citou projetos voltados ao aumento do capital intangível e da infraestrutura física, produtos indiretos destinados ao financiamento de ações e o programa de apoio gerencial. “Este último se destina a empresas de capital semente. Neste caso, a linha de crédito pode ser disponibilizada até para aquelas que ainda não possuem renda.”
Um fundo de inovação em meio ambiente voltado a tecnologias limpas também foi mencionado por Felipe Maciel. “Este plano possibilita a aplicação de recursos, não reembolsáveis, para apoio às tecnologias de interface estratégica – em conformidade com as políticas federais – por meio dos institutos tecnológicos e de apoio à inovação”, explicou. “As propostas apoiadas devem ser de natureza científica e tecnológica, em que 90% dos itens podem ser financiados, em áreas como bioenergia, energia solar, eletrônica, química de origem da biomassa e meio ambiente, com ênfase em nanotecnologia e biotecnologia”, completou.
Por último, Rodrigo Teixeira, representando a Confederação Nacional da Indústria (CNI), colocou-se à disposição do comitê para consolidar um plano de trabalho de longo prazo visando à implantação dos parques, com o objetivo de estabelecer estratégias individuais para atrair empresas e divulgar ações previstas. “É isso que atrai a atenção dos investidores”, afirmou. O workshop Parques Tecnológicos: Atualidades e Tendências foi encerrado com uma dinâmica de grupo entre os gestores dos parques tecnológicos.
Texto: Ricardo Abel – Ascom do MCTI